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Channel: palavras de Osho
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Amor sem ciúme

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Pergunta a Osho:
Osho,
Nenhuma paixão, nenhum ciúme, e tanto amor. Pode ser verdade que esse sofrimento acabou?
Prem Turiya,

Essa é uma das coisas mais fundamentais a ser lembrada, e você terá que estar constantemente alerta: você não pode ter nenhuma garantia que o sofrimento acabou. Se não, o sofrimento voltará pela porta dos fundos. Você terá que estar constantemente alerta e consciente.

Sim, no momento não há nenhum ciúme, nenhuma paixão e ainda tanto amor — naturalmente. Quando não há nenhuma paixão e nenhum ciúme, todas as energias se movem em direção ao amor. É a mesma energia que se torna paixão, que se torna ciúme.

Quando não há nenhum ciúme, nenhuma paixão, toda a energia é viável para as flores do amor desabrocharem. Mas não tenha isso como uma coisa garantida. Não pense que o sofrimento acabou para sempre. A vida é uma contínua evolução e você tem que estar totalmente alerta, de outro modo você pode voltar aos velhos padrões muito facilmente.

E os velhos padrões têm persistido por tanto tempo, eles se tornaram tão entranhados em seu sangue, em seus ossos, em sua própria medula que um momento de inconsciência e você está de volta. Você tem que estar sempre alerta.

Algo bonito está acontecendo... muito mais vai acontecer. A pessoa nunca sabe o quanto é possível conseguir. Nós nunca estamos conscientes do nosso potencial, a menos que ele se torne real.

Você viu um bonito espaço de amor sem ciúme. Paixão é um tipo de febre e ela consome muita energia — e paixão é febre. Quando a paixão desaparece, surge compaixão. E a compaixão é fresca.

A paixão é quente, ela lhe queima. A compaixão é fresca — não fria, lembre-se. O ódio é quente, a luxúria é quente. Exatamente entre os dois está o meio-termo dourado, nem frio nem quente. Aí você está num estado de calor fresco. Parece muito paradoxal — calor fresco. Não é quente, não é morno, não é frio, mas é fresco.

E a flor real do amor só se abre naquele clima de calor-frescor. Um frescor morno é o clima certo para o lótus do amor desabrochar.

Mas não tome isso como algo garantido. Nunca tome nada como certo. Cada momento você tem que conquistá-lo novamente. A vida é uma contínua conquista. Não é que uma vez e para sempre ela está conquistada e você pode cair no sono e permanecer inconsciente e então não há mais nenhum problema. Novamente você estará de volta na mesma rotina.

Turiya, eu estou feliz — eu tenho estado lhe observando. Você está parecendo morna e fresca. É um processo sem fim. Não destrua essa flor bonita que está crescendo em você.

Quando você tem alguma coisa preciosa você tem que estar mais alerta. Quando você não tem nada a perder você pode estar inconsciente, você pode cair no sono, não há problema algum. Mas quando você tem algo a perder — e isto é algo precioso — esteja mais alerta, esteja mais consciente.

Você descobriu um tesouro.

Osho, em "Ah, Isto!"
Imagem por P_Lham kun

Só de brincadeira

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Osho,
eu consigo achar as respostas para todas as perguntas que eu lhe faço dentro de mim mesmo; mas ainda assim eu gostaria de lhe fazer uma — só de brincadeira, simplesmente aceitando seu convite. É realmente possível para uma pessoa ordinária como eu viver neste mundo, ganhando e gastando, e ainda assim estar no estado de não-mente constantemente?

Deva David,

Eu não responderei essa pergunta. Só de brincadeira! Se você pode achar as respostas para todas as perguntas, encontre a resposta para essa também!

E você não parece ser uma pessoa ordinária — alguém que pode achar todas as respostas para todas as perguntas dentro dele mesmo não pode ser uma pessoa ordinária, senão como você definirá a extraordinária?

Não, eu não vou lhe aborrecer com uma resposta — você que a encontre dentro de si mesmo. Quando você não conseguir achá-la, então me pergunte novamente.

Osho, em "Ah, Isto!"
Imagem por rachel a. k.

Meditar na noite

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Esteja sozinho, sente-se silenciosamente, olhe para a escuridão. Torne-se um com o escuro, desapareça nele. Olhe para as estrelas — sinta a distância, o silêncio, o vazio e use a noite para sua meditação.

Sentado na cama nada fazendo... apenas sentindo. Muitas pessoas estão completamente inconscientes das belezas da noite... e a noite é tremendamente bela. É a hora certa para a meditação.

Na psicologia da yoga dividimos a consciência humana em quatro estágios. Primeiro chamamos o estado desperto de consciência, a consciência do dia. Você trabalha, e você parece um pouco alerta.

E o segundo estado chamamos de consciência sonhadora. Você está adormecido, mas os sonhos estão passando como uma procissão. Toda a mente está em um tráfego intenso.

Então o terceiro estado chamamos de sono, quando os sonhos cessaram.

E o quarto, chamamos simplesmente de o quarto, mas está mais próximo do sono. É exatamente como o sono com apenas uma diferença, e essa é que a pessoa está alerta nele. É tão silencioso, tão profundo quanto o sono, com somente algo mais — que a pessoa está alerta.

No sono você está completamente inconsciente. No samadhi, o quarto estado, você está absolutamente silencioso, ainda assim cônscio. Assim, a noite no passado tem sido usada para a meditação.

O dia é muito mundano — a noite é muito espiritual. Portanto comece a usar cada vez mais a noite. Pouco a pouco você irá se sentir tão tremendamente em sintonia com a noite.

Pouco a pouco o mundo inteiro vai dormir. Tudo para — o tráfego cessa, o barulho cessa... o mundo mundano acaba. As pessoas — sua inconsciência, suas atitudes criminosas — tudo desapareceu no sono. A atmosfera está absolutamente limpa... nenhuma nota dissonante.

Dessa forma, apenas comece a desfrutar da beleza da noite e sinta mais e mais pela noite.

Osho, em "Dance Your Way to God"
Imagem por NASA Goddard Photo and Video

Por que fazer concessões?

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Lembre-se de nunca fazer concessões. Fazer concessões é absolutamente contra toda a minha visão.

Veja as pessoas. Elas são infelizes porque têm feito concessões em tudo, e elas não podem perdoar a si mesmas porque fizeram concessões. Elas sabem que poderiam ter ousado, mas elas provaram ser covardes. Sob seus próprios olhos elas caíram, perderam a auto-estima; isso é o que as concessões fazem.

Por que alguém deveria fazer concessões? O que temos a perder? Nesta pequena vida, viva tão totalmente quanto possível.

Não tenha medo de ir ao extremo, você não pode ir mais do que o total, que é a última linha, e não faça concessões. Sua mente pende totalmente para as concessões porque é assim que fomos educados, condicionados.

Concessão é uma das palavras mais feias da nossa linguagem. Ela significa: eu dou metade, você dá metade; eu entro com a metade, você entra com a metade.

Mas por quê? Quando você pode ter o todo, quando você pode comer o bolo e também tê-lo, então por que fazer concessões?

Basta um pouco de coragem, apenas um pouco de ousadia - e só no início. Depois de ter experimentado a beleza da não-concessão e da dignidade que ela traz, e a alegria, e a integridade e a individualidade, pela primeira vez você sente que tem raízes, que tem um centro, que vive por si próprio, que você não vive como um homem de negócios - viver a vida como um homem de negócios é prostituição.

Viva como um guerreiro.

Desta ou daquela maneira, mas nunca faça concessões. É melhor ser derrotado, mas totalmente, que ser vitorioso por meio de uma concessão; essa vitória não lhe trará nada a não ser humilhação, e a derrota sem concessões ainda assim vai dar-lhe dignidade.

Osho, em "The Transmission of the Lamp"
Imagem por eyesplash Mikul

É preciso aceitar os desafios

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A vida pode ser vivida como uma suave descida ou como uma árdua subida.

Se você está descendo a ladeira, ela é conveniente, confortável. Não é necessário de sua parte nenhum esforço, nenhum risco, nenhum desafio.

Mas também você não ganha nada - simplesmente vai à deriva, do nascimento até a morte. A vida permanece um grande vazio.

É preciso ser laborioso, é preciso aceitar os desafios que levam a pessoa a uma jornada para cima. Isso é difícil, é perigoso, mas desperta o que há de melhor em você.

Cria integridade, cria finalmente uma alma em você. Você precisa aplicar todas as energias à tarefa, só assim... É preciso arriscar tudo, só assim... Assim a vida desabrocha, floresce.

Ela se torna uma alegria, uma realização, uma satisfação, uma bênção.

Osho, em "Meditações Para o Dia"
Imagem por alexindigo

O sentido tem que ser criado na vida

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A vida por si só não tem significado. Ela só tem significado se você puder cantar uma canção do eterno, se você puder liberar alguma fragrância do divino, do sagrado, se você puder se tornar uma flor de lótus - imortal, intemporal.

Se você puder se tornar puro amor, se você puder embelezar esta existência, se você puder se tornar uma benção para a existência - só então a vida tem realmente significado; caso contrário, ela é sem sentido, insípida.

É como uma tela: você pode continuar carregando-a por toda a sua vida e você pode morrer sob seu peso, mas qual é o sentido disso? Pinte alguma coisa na tela!

O sentido tem que ser criado na vida: o sentido não é algo já dado. É lhe dado liberdade, é lhe dado criatividade, é lhe dado vida. Tudo que é necessário para criar significado lhe é dado.

Todos os ingredientes essenciais de significância lhe são dados, mas o significado não é dado, o significado tem que ser criado por você. Você tem que se tornar um criador por seus próprios méritos.

E quando você se torna um criador por seus próprios méritos, você participa com Deus, você se torna uma parte de Deus.

Osho, em "The Book of Wisdom"
Imagem por John-Morgan

Tristeza como uma meditação

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A tristeza pode se tornar uma experiência muito enriquecedora. Você precisa trabalhar nela.

É fácil fugir de sua tristeza — e todos os relacionamentos são geralmente fugas: a gente simplesmente prossegue evitando-a. E ela está sempre oculta lá... a corrente continua.

Mesmo no relacionamento ela irrompe muitas vezes. Assim a gente tende a lançar a responsabilidade sobre o outro, mas isso não é a coisa real. É a sua solidão, sua própria tristeza. Você ainda não atentou para isso, desse modo ela irá surgir de novo e novamente.

Você pode fugir no trabalho. Você pode escapar com alguma ocupação, no relacionamento e na sociedade, nisso e naquilo, viajando, mas ela não irá embora, porque ela é parte do seu ser.

Todo homem nasce sozinho — no mundo, mas sozinho; vem através dos pais, mas sozinho. E todo homem morre sozinho, novamente deixa o mundo sozinho. E entre essas duas solidões prosseguimos iludindo e enganando a nós mesmos.

É bom criar coragem e mergulhar em nossa solidão. Embora isso possa parecer duro e difícil no princípio, vale muito a pena. Uma vez que você se arranja com isso, uma vez que você começa a desfrutar disso, uma vez que você sente isso não mais como tristeza, mas como silêncio, uma vez que você compreende que não há como escapar disso, você relaxa.

Nada pode ser feito sobre isso, então por que não desfrutá-la? Por que não penetrar profundamente e sentir o sabor dela, ver o que ela é? Por que ficar desnecessariamente assustado? Se ela vai estar lá presente e se é um fato, existencial, não acidental; então por que não chegar a um acordo com ela? Por que não chegar nela e ver o que ela é?

Quando você se sentir triste, sente-se silenciosamente e permita a tristeza chegar; não tente escapar dela. Torne-se tão triste quanto possível. Não a evite — essa é uma coisa para lembrar. Grite, chore... sinta todo o sabor disso. Grite muito... se jogue no chão... role — e deixe isso prosseguir por si mesmo. Não o force; isso irá, porque ninguém pode ficar num humor permanente.

Quando ela se vai você se sentirá descarregado, absolutamente aliviado, como se toda a gravidade tivesse desaparecido e você pudesse voar, leve. Esse é o momento para penetrar em si mesmo.

Primeiro traga a tristeza. A tendência geral é não permitir isso, encontrar algum jeito e meios para que você possa olhar para outra coisa — ir para um restaurante, para uma piscina, encontrar os amigos, ler um livro ou ir para o cinema, tocar uma guitarra; fazer algo, a fim de que você possa estar ocupado e possa desviar sua atenção para alguma outra coisa.

Isso é para ser relembrado — quando você estiver se sentindo triste, não perca a oportunidade. Feche as portas, sente-se e sinta-se tão triste quanto possa, como se o mundo inteiro fosse um inferno. Vá fundo nisso... mergulhe nisso. Deixe que todo pensamento triste penetre em você, que cada emoção triste lhe agite. E grite e chore e diga coisas, e as diga bem alto, não há nada com que se preocupar.

Portanto, primeiro viva a tristeza por alguns dias, e quando o momentum da tristeza se for, você irá se sentir muito calmo, em paz — como a gente sente após uma tempestade. Nesse momento sente-se silenciosamente e desfrute do silêncio que está chegando por si mesmo. Você não o trouxe; você estava trazendo tristeza. Quando a tristeza se vai, na vigília, o silêncio se assenta.

Escute esse silêncio. Feche seus olhos. Sinta-o... sinta a própria textura dele... a fragrância. E se você se sente feliz, cante, dance.

Osho, em "Be Realistic: Plan for a Miracle"
Imagem por tourist_on_earth

Meditações para pessoas contemporâneas


Tome uma xícara de chá

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Uma historieta Zen:

Joshu, um mestre Zen, perguntou a um novo monge do mosteiro: “Já o vi antes?”
O novo monge respondeu: “Não, senhor.”
Joshu disse: “Tome uma xícara de chá.”
Joshu, então, voltou-se para um outro monge: “Já o vi por aqui antes?”
O segundo monge respondeu: “Sim, senhor, é claro que sim.”
Joshu disse: “Então tome uma xícara de chá.”
Mais tarde, o monge administrador do mosteiro perguntou a Joshu: “Como é que o senhor faz o mesmo oferecimento de chá para qualquer resposta?”
Diante disso, Joshu gritou: “Administrador, o senhor ainda está aqui?”
O administrador respondeu: “É claro, mestre.”
Joshu disse: “Então, tome uma xícara de chá.”

A história é simples, mas difícil de ser entendida. É sempre assim. Quanto mais simples a coisa, mais difícil de ser entendida. Para se entender, algo complexo é necessário. Para entender, você tem de dividir e analisar. Uma coisa simples não pode ser dividida e analisada – não há nada para se dividir e analisar – a coisa é tão simples. O mais simples sempre escapa à compreensão.

É por isso que Deus não pode ser compreendido. Deus é a coisa mais simples, absolutamente a coisa mais simples possível. O mundo pode ser compreendido; ele é muito complexo. Quanto mais complexa é a coisa, mais a mente pode trabalhar nela. Quando a coisa é simples não há nada para queimar as pestanas, a mente não pode funcionar.

Os lógicos dizem que qualidades simples são indefiníveis. Por exemplo: alguém lhe pergunta o que é amarelo. É uma qualidade tão simples, a cor amarela, como você a definirá? Você dirá: “Amarelo é amarelo.” O homem dirá: “Isso eu sei, mas qual a definição de amarelo?” Se você diz que amarelo é amarelo, você não está definindo, você está simplesmente repetindo a mesma coisa novamente. É uma tautologia.


G. E. Moore, uma das mentes mais penetrantes deste século, escreveu um livro entitulado Principia Ethica. O livro inteiro resume-se a um esforço muito persistente para definir o que é o bem. Fazendo esforços em todas as direções, em duzentas ou trezentas páginas – e duzentas, trezentas páginas de G. E. Moore valem três mil páginas de qualquer outro –, ele chegou à conclusão de que o bem é indefinível. O bem não pode ser definido – é uma qualidade tão simples.

Quando algo é complexo, há muitas coisas ali; você pode definir uma coisa em função de uma outra que esteja presente ali. Se eu e você estivermos numa sala e você me perguntar “Quem é você?”, eu poderei, pelo menos, dizer que eu não sou você. Esta será minha definição, a indicação. Mas se eu estiver sozinho numa sala e eu me fizer a pergunta “Quem sou eu?”, a pergunta ressoará, mas não haverá resposta. Como definir?

É por isso que se perde Deus. O intelecto nega-o, a razão diz não. Deus é o denominador mais simples da existência – o mais simples e o mais básico. Quando a mente para, não há nada diferente de Deus – assim, como definir Deus? Ele está sozinho na sala. É por isso que as religiões tentam dividir, pois assim torna-se possível uma definição. Eles dizem: “Este mundo não é isso; Deus não é o mundo, Deus não é matéria, Deus não é corpo, Deus não é desejo.” Essas são formas de definir.

Você tem de colocar alguma coisa em oposição a alguma coisa, então uma fronteira pode ser desenhada. Como estabelecer uma fronteira se não há um vizinho? Onde colocar a cerca de sua casa se não existe vizinhança? Se não há ninguém além de você, como você pode cercar sua casa? A fronteira de sua casa baseia-se na presença de seu vizinho. Deus é sozinho, ele não tem vizinhos. Onde ele começa? Onde ele acaba? Em lugar nenhum.

Como você pode definir Deus? Exatamente para definir Deus, o Diabo foi criado. Deus não é o Diabo – pelo menos esse tanto pode ser dito. Você pode não ser capaz de dizer o que é Deus, mas você pode dizer o que ele não é: Deus não é o mundo.

Eu estava lendo um livro de um teólogo cristão. Ele diz que Deus é tudo exceto o mal. Isso, também, é suficiente para definir. Ele diz: “Tudo, exceto o mal” – esse tanto estabelecerá uma fronteira. Ele não está consciente de que se Deus é “tudo”, então, de onde vem esse mal? Ele deve estar vindo de “tudo”.

Caso contrário, há alguma outra fonte de existência além de Deus, e essa outra fonte de existência torna-se equivalente a Deus. Então, o mal nunca poderá ser destruído; tem a sua própria fonte de existência. Então, o mal não é dependente de Deus; assim, como Deus pode destruí-lo? Deus não o destruirá. Uma vez que o mal seja destruído, Deus não poderá ser definido.

Para defini-lo, ele precisa que o Diabo esteja sempre lá, ao lado dele. Os santos precisam dos pecadores, de outra forma eles não existiriam. Como você saberia quem é um santo? Todo santo precisa de pecadores à sua volta; esses pecadores fazem a fronteira.

A primeira coisa a ser entendida é que coisas complexas podem ser entendidas, coisas simples não podem. Uma coisa simples fica só.

Essa historieta Zen sobre Joshu é muito simples. É tão simples que escapa a você: você tenta pegá-la, você tenta capturá-la, ela escapa. Ela é tão simples, que sua mente não pode trabalhar sobre ela. Tente sentir a história. Eu não direi tente entender, porque você não poderá entendê-la. Tente sentir a história. Muitas coisas estão ocultas dentro dela, se você tentar senti-las. Se você tentar entendê-la, não haverá nada nela – toda a historieta é absurda.

Osho, em A Bird on the Wing
Imagem por dps

A vida existe no viver

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Uma história dos hassídicos:
Quando o Rabbi Birnham estava em seu leito de morte, sua esposa explodiu em lágrimas.
Ele disse: "Por que você está chorando? Toda a minha vida foi apenas para que eu pudesse aprender a morrer".
A vida existe no viver. Ela não é uma coisa, é um processo. Não há nenhum modo de alcançar a vida exceto estando-se vivo, fluindo, movendo-se com ela.

Se você está buscando o sentido da vida em algum dogma, em alguma filosofia, em alguma teologia, esse é o caminho certo para perder-se a vida e seu significado, ambos.

Osho, em "Vida, Amor e Riso"
Imagem por Eddi 07

Entrega à existência

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Sempre conto a história de dois pedaços de palha que estão se afogando em um rio caudaloso. Uma das palhas, que está disposta em diagonal na correnteza, está tentando conter o rio, está gritando que não deixará o rio continuar.

Apesar de as águas do rio continuarem rolando e a palha ser incapaz de controlá-las, ela continua gritando que o rio será contido: está se gabando de que, quer ela viva ou morra, o rio será contido.

Mas essa palha continua se afogando. O rio não ouve sua voz e não sabe que a palha está lutando contra ele. É uma palha muito pequena; o rio não sabe que ela existe, e ela não faz a menor diferença para ele.

Mas para a palha é uma questão de grande importância. É a maior dificuldade de sua vida. Ela está se afogando, mas continua lutando, ela chegará ao mesmo lugar que chegaria se não estivesse lutando.

No entanto, como está lutando, esse momento, esse período será de dor, de pesar, de conflito e ansiedade.

A palha perto dela se soltou. Ela não está indo contra o fluxo; está deitada reta, na direção em que o rio está correndo — e acredita que está ajudando o rio a correr.

O rio também não conhece a existência dessa palha. A palha pensa que, como está levando o rio para o mar, o rio vai chegar lá. E o rio desconhece essa ajuda.

Tudo isso não faz a menor diferença para o rio, mas para as duas palhas trata-se de um assunto de grande importância. Aquela que está guiando o fluxo do rio está sentindo uma imensa alegria; está dançando, repleta de prazer.

A palha que está lutando contra o rio está sofrendo muito. Sua dança não é uma dança: é um pesadelo. Nada mais é do que uma torção de seu corpo, ela está com problemas, está sendo derrotada; enquanto aquela que está indo com o rio está vencendo.

Um indivíduo é incapaz de fazer qualquer coisa exceto aquilo que seja a vontade do todo. Mas ele tem a liberdade de lutar, e lutando ele tem a liberdade de ficar ansioso.

Sartre disse algo importante: "O homem está condenado a ser livre". O homem está fadado, está condenado, está amaldiçoado a ser livre.

No entanto, o homem pode usar sua liberdade de duas maneiras. Pode usar sua liberdade contra a vontade da existência e criar um conflito. Nesse caso sua vida será de pesar, dor e angústia, e por fim ele será derrotado.

Outro indivíduo pode fazer de sua liberdade um objeto de entrega à existência — e sua vida será uma vida de alegria, uma vida de dança e canção. E qual será o resultado final? O final não será nada além de uma vitória para ele.

A palha que acredita que está ajudando o rio tem a probabilidade de ser vitoriosa. Ela não pode ser derrotada. A palha que tenta parar o rio certamente será derrotada. Ela não pode vencer.

Então é impossível conhecer a vontade da existência, mas certamente é possível transformar-se em um com a existência. E se esse for o caso, então a vontade de uma pessoa desaparecerá e apenas a vontade da existência permanecerá.

Osho, em "Guerra e Paz Interior: Ensinamentos do Bhagavad Gita"
Imagem por DaveKav

Inocência: a alma da inteligência

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No momento que a inocência desaparece, a alma da inteligência se vai, ela é um cadáver. É melhor chamá-la de simplesmente "intelecto."

Ela pode fazer de você um grande intelectual, mas não transformará sua vida e não tornará você aberto aos mistérios de existência.

Osho, em "The Transmission of the Lamp - Talks in Uruguay"
Imagem por dorota h.

Preocupe-se consigo mesmo

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Você diz para cada um de seus sannyasins preocupar-se apenas consigo mesmo. E eles fazem isso!

Sim, eu digo isso: para preocupar-se apenas consigo mesmo, porque no momento essa deve ser a única preocupação. Se você começar a se preocupar com o mundo todo, você não será capaz de fazer nada.

Até mesmo preocupar-se consigo mesmo já é muito. Livrar-se dessas preocupações já é muito, é difícil. E se você estiver se preocupando com o mundo todo, então não haverá como sair disso. Então, você pode estar certo de que permanecerá sempre preocupado.

E não pense nem por um único momento que você está ajudando o mundo por preocupar-se com ele. Você não está ajudando o mundo preocupando-se com ele, porque a preocupação não pode ajudar ninguém. Ela é uma força destrutiva.

Assim, primeiro, reduza suas preocupações ao mínimo. Quer dizer, confine suas preocupações a si mesmo; já é o suficiente. Seja absolutamente egoísta. Sim, é isso que estou dizendo: seja absolutamente egoísta, se você quiser ajudar os outros algum dia. Se você, algum dia, quiser ser realmente altruísta, seja egoísta.

Primeiro mude o seu ser. Primeiro crie uma luz dentro do seu coração, torne-se luminoso. Então você poderá ajudar os outros. E você poderá ajudar sem se preocupar, pois a preocupação não ajuda ninguém.

Alguém está morrendo e você fica sentado a seu lado, preocupado. Como você vai ajudar? Se o paciente estiver morrendo e o médico ficar preocupado, não vai ajudar em nada. O quanto ele se preocupe não conta. Ele tem que fazer algo.

E quando um paciente está morrendo, é necessário um médico que saiba como não ficar preocupado. Somente então ele será de ajuda, porque somente então seu diagnóstico poderá ser mais claro, mais correto.

Eis porque, se você está doente e seu marido é um médico, ele não será de muita ajuda, porque ele estará muito preocupado com você. Alguém que seja imparcial é necessário.

Uma criança precisa de uma cirurgia. Seu próprio pai pode ser um grande cirurgião, mas ele não pode ter a permissão de operar a criança, porque ele estará demasiadamente preocupado. Suas mãos tremerão – seu próprio filho!

Ele não poderá ser apenas um observador; não poderá ser objetivo, estará demasiadamente envolvido. Ele matará a criança. Algum outro cirurgião é necessário, que possa permanecer imparcial, que possa permanecer distante, separado, afastado, não-preocupado.

Assim, se você quer ajudar a humanidade, primeiro torne-se despreocupado. E para se tornar despreocupado você, primeiro, tem de abandonar as preocupações desnecessárias. Não pense sobre o mundo.

Osho, em "The Discipline of Transcendence"
Imagem por libraryman

Momentos certos

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Quando as pessoas estão infelizes, ansiosas, tensas e nervosas, com muita frequência elas tentam a meditação — mas assim é difícil entrar. Quando você estiver se sentindo ferido, raivoso ou triste, lembrará da meditação, mas isso é praticamente ir contra a corrente, e será difícil.

Quando você estiver se sentindo feliz, amoroso, desprendido — esses são os momentos certos, quando a porta está muito próxima. Apenas uma batida será suficiente.

Repentinamente em uma manhã você estará se sentindo bem, e por nenhuma razão visível. Algo deve ter acontecido fundo no inconsciente; algo deve ter acontecido entre você e o cosmo, alguma harmonia; talvez tenha acontecido à noite, no sono profundo.

Pela manhã você está se sentindo bem; não desperdice esse momento. Alguns minutos de meditação valerão mais que dias de meditação quando você está infeliz. Ou, de repente, à noite; deitado na cama, você se sente à vontade... ambiente aconchegante, o calor da cama... Sente-se por cinco minutos, não desperdice esse momento.

Uma certa harmonia está presente — use-a, embale-se nela, e essa onda o levará para longe, mais longe do que você poderia ir por conta própria. Aprenda a usar esses abençoados momentos.

Osho, em "Osho Todos os Dias — 365 Meditações Diárias"
Imagem por ronsho ©

Meditação: da inconsciência para a consciência

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Existem mil e uma idéias errôneas a respeito da meditação, predominantes em todo o mundo. A meditação é muito simples: nada mais é do que consciência.

Ela não é entoar salmos, não é usar um mantra ou um rosário. Esses são métodos hipnóticos; eles podem lhe dar um tipo de repouso — e nada há de errado com esse repouso; tudo bem, se estivermos simplesmente tentando relaxar.

Qualquer método hipnótico pode ajudar, mas, se você desejar conhecer a verdade, então ele não será suficiente.

Meditação simplesmente significa transformar sua inconsciência em consciência. Normalmente, apenas um décimo de nossa mente está consciente, e nove décimos estão inconscientes. Apenas uma pequena parte de nossa mente tem luz, uma fina camada; fora essa parte, toda a casa está imersa na escuridão.

E o desafio é ampliar tanto essa pequena luz que toda a casa fique repleta de luz, sem deixar um único recanto no escuro.

Quando toda a casa está repleta de luz, a vida é um milagre, tem a qualidade da magia. Então, ela não mais é comum — tudo se torna extraordinário. O mundano é transformado no sagrado e pequenas coisas da vida começam a ter um imenso significado, jamais imaginado.

Pedras comuns parecem tão belas quanto diamantes... toda a existência se torna iluminada. No momento em que você se ilumina, toda a existência se ilumina. Se você estiver na escuridão, toda a existência estará na escuridão. Tudo depende de você.

Osho, em "Osho Todos os Dias — 365 Meditações Diárias"
Imagem por gnackgnackgnack

Usar a imaginação para mudar o negativo em positivo

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Primeira coisa de manhã, imagine-se tremendamente feliz. Saia da cama com um humor muito feliz; radiante, borbulhante, expectante; como se algo perfeito, de infinito valor, fosse acontecer hoje.

Levante-se da cama com um humor bem positivo e esperançoso, com o sentimento de que esse dia não vai ser um dia comum, que algo excepcional, extraordinário, está esperando por você; algo que está bem perto.

Tente e se lembre disso de novo e novamente durante o dia todo. Dentro de sete dias você verá que todo seu padrão, todo seu estilo, toda sua vibração, mudou.

Quando você for dormir de noite, apenas imagine que você está caindo nas mãos divinas... como se Deus estivesse lhe sustentando, que você está no colo dele, adormecendo.

Apenas visualize isso e adormeça. Uma coisa para levar é que você deve prosseguir imaginando e permita que o sono venha, para que a imaginação entre no sono; eles estão sobrepostos.

Não imagine qualquer coisa negativa, porque se as pessoas que possuem uma capacidade imaginativa imaginarem coisas negativas, elas começam a acontecer. Se você pensa que você vai adoecer, você vai ficar doente. Se você pensa que alguém vai ser rude com você, ele será. Sua própria imaginação irá criar a situação.

Assim, se uma ideia negativa vier, mude imediatamente para um pensamento positivo. Diga não a ela. Deixe-a imediatamente; jogue-a fora.

Dentro de uma semana você começará a sentir que você está ficando muito feliz; sem absolutamente nenhum motivo.

Osho, em "The Passion for the Impossible"
Imagem por Katrina Nicole

Ser espontâneo é ser divino

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A porta para o divino é a espontaneidade. Ser espontâneo é ser divino. A mente nunca é espontânea, ela está sempre no passado ou no futuro, está naquilo que já foi ou naquilo que ainda não aconteceu. Entre um e outro, ela perde aquilo que é - ou seja, a porta presente.

O momento presente não é parte do tempo, por isso a mente não pode acessá-lo. Mente e tempo são sinônimos. Você pode dizer que a mente é o tempo dentro de seu ser, e o tempo é a mente fora de você, mas eles são um único fenômeno.

O momento presente não é parte do tempo nem da mente. Quando você está no momento presente, está em um estado divino. Esse é o verdadeiro significado da meditação, o verdadeiro significado da oração, o verdadeiro significado do amor.

E, quando você age no momento presente, essa ação nunca é escravizadora, porque não é sua: é o divino agindo através de você, é o divino fluindo através de você.

Osho, em "Meditações Para a Noite"
Via blog Saúde Perfeita
Imagem por ashley.adcox

Entrega

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No fundo, você gostaria de se mover em uma entrega total, na qual todas as suas preocupações são dissolvidas e você possa simplesmente descansar. Mas você tem medo; todos têm medo da entrega.

Normalmente pensamos que somos alguém — e nada somos! O que você tem para entregar? Apenas um falso ego, apenas uma idéia de que você é alguém. Isso é apenas ficção. Quando você entrega a ficção, você se torna real.

Quando você entrega aquilo que você realmente não tem, você se torna aquilo que você é. Mas nos apegamos porque por toda a nossa vida fomos treinados a ser independentes. Por toda a nossa vida fomos treinados, programados para lutar, como se a vida toda nada mais fosse do que uma luta para sobreviver.

A vida é conhecida somente quando você começa a se entregar. Então, você para de lutar e começa a desfrutar. Mas, no Ocidente, o conceito do ego é muito forte e todos estão tentando conquistar algo.

As pessoas até falam em conquistar a natureza. Tolice absoluta! Somos parte da natureza; como podemos conquistá-la? Podemos destruí-la, não podemos conquistá-la. Aos poucos, toda a natureza está sendo destruída, toda a ecologia está sendo perturbada.

Nada existe a conquistar. Na verdade, você precisa se mover com a natureza, na natureza, e permitir que ela seja ela mesma.

Osho, em "Osho Todos os Dias — 365 Meditações Diárias"
Imagem por Kara Allyson

Os verdadeiros ladrões

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Nada há a temer, porque nada temos a perder. Tudo o que pode ser roubado de você não tem valor. Portanto, por que temer, por que suspeitar, por que duvidar?

Estes são os verdadeiros ladrões: a dúvida, a suspeita, o medo. Eles aniquilam sua própria possibilidade de celebração. Enquanto você estiver sobre a terra, celebre a terra. Enquanto durar este momento, desfrute-o até a essência.

Devido ao medo, perdemos muito; devido ao medo, não podemos amar, ou, mesmo se amarmos, esse amor será sempre morno, sofrível, irá sempre até certo limite, e não além.

Sempre chegamos a um ponto além do qual temos medo e estagnamos ali. Devido ao medo, não podemos entrar fundo em uma amizade; devido ao medo, não podemos orar profundamente.

Seja consciente, mas nunca precavido. A distinção é muito sutil. A consciência não está enraizada no medo; a precaução está enraizada no medo. A pessoa fica precavida para nunca errar, mas, então, não pode ir muito longe.

O próprio medo não permitirá que você examine novos estilos de vida, novos canais para sua energia, novas direções, novas terras. Você sempre percorrerá o mesmo caminho, repetidamente, movendo-se para cá e para lá num vaivém, como um trem de carga!

Osho, em "Osho Todos os Dias — 365 Meditações Diárias"
Imagem por gcfairch

Entre o prazer e o sofrimento

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O único estado no qual a pessoa pode se tornar uma residente permanente é o espaço que nem é este nem aquele.

Neste espaço existe uma qualidade de silêncio e serenidade. É claro, no começo parece muito sem sabor, porque não existe sofrimento nem prazer. Mas todos os sofrimentos e todos os prazeres são apenas excitação.

A excitação da qual você gosta, você chama de prazer; a excitação da qual você não gosta, você chama de sofrimento. Algumas vezes acontece de você poder começar a gostar de uma certa excitação e ela pode se tornar prazer, e você pode começar a gostar de uma outra excitação e ela pode se transformar em sofrimento.

Assim, a mesma experiência pode se tornar sofrimento ou prazer; depende de seu gostar e desgostar. Relaxe no espaço entre o prazer e o sofrimento. Esse é o estado mais natural de relaxamento. Quando você começar a estar nele, a senti-lo, aprenderá o seu sabor. Chamo a isso de sabor do Tao.

Ele é como o vinho; no começo será muito amargo. Você precisa aprender. E esse é o vinho mais concentrado que existe, a mais notável bebida alcoólica do silêncio e da serenidade.

Você se embriaga com ele. Aos poucos você entenderá o seu sabor. No começo ele não tem gosto, porque sua língua está repleta de sofrimentos e prazeres.

Osho, em "Osho Todos Os Dias — 365 Meditações Diárias"
Imagem por Digimist
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