Quantcast
Channel: palavras de Osho
Viewing all 830 articles
Browse latest View live

Síntese

$
0
0
Meu esforço aqui é para fazer uma síntese entre a abordagem científica e os valores religiosos. Na superfície, eles parecem muito contrários, mas só na superfície. No fundo, há algo que os torna complementares, e não contraditórios.

Suas áreas são diferentes: a ciência trabalha na área objetiva, e a religião na subjetiva, mas a abordagem é a mesma. A ciência tenta saber a verdade sobre a realidade exterior, e a religião tenta saber a mesma verdade sobre a realidade interior.

É claro que a religião trabalha num plano superior, afinal o cientista pode saber muitas coisas acerca dos objetos, da matéria, da eletricidade, disso e daquilo, mas não tem a menor consciência de si mesmo. O cientista nada sabe sobre o cientista em si, mas sabe tudo sobre todo o resto.

Essa situação é muito tendenciosa. A ciência só será perfeita quando aceitar a religião como meta final. E a religião, sozinha, também não é perfeita, porque você não pode viver somente no interior; precisa de pão, de roupas e de todas aquelas coisas que só podem ser fornecidas pela ciência.

Osho, em "Meditações Para o Dia"
Imagem por Hamed Saber

Reação em cadeia

$
0
0
Todas as coisas acontecem juntas.

Quando você se sentir menos culpado, imediatamente começará a se sentir mais feliz. Quando você se sentir mais feliz, passará a se sentir menos em conflito, mais harmonioso — integrado. Quando você se sentir integrado e mais harmonioso, subitamente sentirá uma certa graça circundando-o.

Essas coisas funcionam como uma reação em cadeia: uma começa a outra, esta começa uma outra, e elas seguem se espalhando.

Sentir-se menos culpado é muito importante. A humanidade toda foi induzida a se sentir culpada — séculos de condicionamento, sendo orientada a fazer isso e a não fazer aquilo.

E não somente isso, mas as pessoas foram coagidas ao lhes dizerem que, se elas fizessem algo não permitido pela sociedade ou pela igreja, seriam pecadoras. Se elas fizessem algo que fosse apreciado pela sociedade e pela igreja, então elas seriam santas.

Dessa maneira, todos são enganados para fazerem coisas que a sociedade deseja que eles façam e para não fazerem o que a sociedade não deseja que eles façam. Ninguém se importa se o que você faz ou deixa de fazer tem ou não a ver com você, ninguém se importa com o indivíduo.

Penetre em uma nova luz, em uma nova consciência, na qual você possa se livrar da culpa. E, então, muito mais coisas seguirão.

Osho, em "Osho Todos os Dias"
Imagem por tobym

Respeite sua própria voz

$
0
0
Lembre-se de sua unicidade. Aceite-se, respeite-se, respeite sua própria voz; escute-a e siga-a.

É melhor ir para o inferno seguindo sua voz que ir para o céu seguindo a voz do outro, pois esse céu não será lá grande coisa. Você será apenas um seguidor cego.

Respeite a si mesmo e respeite os outros também. Só essa simples mudança em sua atitude pode provocar uma revolução radical, pode transformar todo o seu ser.

Osho, em "Meditações Para o Dia"
Imagem por scribbletaylor

Desidentifique-se de seus pensamentos

$
0
0
Feche seus olhos, então focalize ambos os olhos bem no meio das duas sobrancelhas, como se você estivesse olhando lá com os seus dois olhos. Dê total atenção a isso.

No ponto certo, subitamente seus olhos ficarão fixos. E se a sua atenção estiver lá, você irá experienciar um estranho fenômeno: pela primeira vez você verá pensamentos passando diante de você; você se tornará uma testemunha. É como uma cena de um filme: pensamentos passando e você é uma testemunha.

Geralmente você não é a testemunha, você fica identificado com pensamentos. Se a raiva está lá, você fica raivoso. Se um pensamento lhe move, você não é a testemunha; você se torna um com o pensamento, identificado, e você se move junto com ele. Você se torna o pensamento; você toma a forma do pensamento.

Quando sexo aparece, você se torna sexual, quando aparece a raiva, você fica raivoso, quando a ambição aparece, você se torna ambicioso. Qualquer pensamento que se mova se torna identificado com você; não há nenhum intervalo entre você e o pensamento.

Mas focalizado no terceiro olho, subitamente você se torna a testemunha. Através do terceiro olho você pode ver os pensamentos passando como nuvens no céu ou como pessoas transitando pelas ruas.

Osho, em "The Book of Secrets"
Imagem por alykat

A chave mestra

$
0
0
É só por meio da meditação que você se torna um rei, que você se torna um mestre, senhor de si. Mas essa é a única maestria, não há outra no mundo.

Se você não é mestre de si, pode possuir o mundo inteiro, mas é um escravo, não um rei.

Acorde de seus sonhos e faça todo o esforço possível para se aprofundar na meditação, na percepção, no testemunho. Torne-se cada vez mais consciente, e você será rei.

É necessário ter um esforço persistente, perseverança e paciência. A vitória com certeza acontecerá, mas somente quando você estiver realmente pronto. Essa prontidão vem com intenso esforço.

Faça todo esforço para ser meditativo — essa é a chave, a chave mestra para as portas do reino de Deus.

Osho, em "Meditações Para o Dia"
Imagem por aussiegall

Use cada oportunidade

$
0
0
Use cada oportunidade na vida para elevar sua inteligência, sua consciência.

Normalmente o que estamos fazendo é pegando cada oportunidade para criar um inferno para nós.

Só você sofre. E devido ao seu sofrimento, você faz outras pessoas sofrerem. E quando tantas pessoas estão vivendo juntas, e se todas elas criam sofrimento uma para a outra, isso vai se multiplicando.

Eis como o mundo inteiro se tornou um inferno.


Osho, em "Beyond Psychology"
Imagem por lady johnsie

Jesus buscava tanto quanto você

$
0
0
Jesus disse:
Eu sou a Luz que está sobre todos,
eu sou o Todo,
e o Todo vem de mim,
e o Todo retorna a mim.
Corte um pedaço de madeira
e eu estarei lá;
levante uma pedra
e me encontrará lá.

Jesus foi treinado numa das mais antigas escolas secretas. Essa escola era chamada de Essênia. O ensinamento dos essênios é puro Vedanta. É por isso que os cristãos não registram o que aconteceu a Jesus antes dos seus trinta anos. Têm um pequeno registro da sua infância e dos trinta aos trinta e três anos, quando foi crucificado.

Conhecem poucas coisas, mas um fenômeno como Jesus não é um acidente; é uma longa preparação, não pode acontecer de um momento para o outro.

Jesus foi continuamente preparado durante durante esses trinta anos. Primeiro, foi enviado ao Egito e, depois, veio para a Índia. No Egito, aprendeu uma das mais antigas tradições dos métodos secretos. Depois, na Índia, ficou conhecendo os ensinamentos de Buda, os Vedas, os Upanishads e passou por uma longa preparação.

Esses anos não são conhecidos, porque Jesus trabalhou nessas escolas como um discípulo desconhecido. Os cristãos abandonaram propositadamente esses registros, porque gostariam que o filho de Deus não tivesse sido discípulo de qualquer outra pessoa. Não gostam da ideia de Jesus ter sido preparado, ensinado, treinado – parece humilhante.

Acham que o filho de Deus veio absolutamente pronto. Se alguém já está totalmente pronto, não pode vir.

Neste mundo, sempre entramos imperfeitos. A perfeição simplesmente desaparece neste mundo. A perfeição não é daqui, não pode ser  é contra a própria lei. Quando alguém se torna perfeito, toda sua vida entra numa dimensão vertical.

Isto deve ser compreendido: você progride num plano horizontal: de A para B, de B para C, de C para D, e assim por diante até Z; progride numa linha horizontal, do passado para o presente e do presente para o futuro.

Esse é o caminho da alma imperfeita, exatamente como a água fluindo num rio, das montanhas para as planícies e das planícies para o mar - numa linha horizontal, sempre mantendo seu próprio plano.

A perfeição move-se em linhas verticais, não horizontais. De A, ela não vai para B; de A vai para A1, e desse ponto vai para mais alto ainda. Para aqueles que vivem na linha horizontal, a perfeição simplesmente desaparece. Ela não existe, porque eles só podem olhar para o passado ou para o futuro. Podem olhar para trás, mas o homem perfeito não está lá; podem olhar para a frente, mas ele não está lá; podem olhar aqui, mas ele não está - porque uma nova linha de progressão começou.

O homem perfeito sobe cada vez mais alto, cada vez mais para cima. Move-se na eternidade e não no tempo.

A eternidade é vertical; eis porque é um eterno agora - não existe nenhum futuro para ela. Se você se move numa linha, o futuro existe; se você se move de A para B, o B está no futuro; e quando o B se tornar presente, o A já estará no passado e o C no futuro.

Você está sempre entre o passado e o futuro; seu momento presente é só uma fase passageira: o B está se transformando em C, o C em D, o D em E; tudo está se movendo para o passado. Seu presente é apenas uma linha cortada, um pequeno fragmento. No momento em que você se conscientiza dele, ele já se moveu para o passado.

Uma alma perfeita move-se numa dimensão completamente diferente: de A para A1, para A2, para A3 - e isso é eternidade; é viver num eterno agora. Eis porque desaparece deste mundo.

Para entrar neste mundo, você tem de ser imperfeito. Diz-se nas velhas escrituras que sempre que um homem se aproxima da perfeição - muitas vezes isso acontece - deixa alguma coisa imperfeita para poder voltar.

Conta-se que Ramakrishna era viciado em comida, era obcecado. Pensava o dia inteiro em comida. Conversava com seus discípulos e, sempre que tinha uma chance, corria até a cozinha para perguntar à sua mulher: "O que está preparando? Que novidade está fazendo para hoje?" Muitas vezes até sua mulher se sentia embaraçada e dizia: "Paramahansa Deva, isto não fica bem para você." E ele ria.

Um dia, sua esposa insistiu, dizendo: "Até seus discípulos se riem disso e falam: 'Que espécie de homem liberto é Paramahansa?'". Ele era tão obcecado por comida que sempre que Sharada, sua mulher, lhe trazia a refeição, imediatamente dava uma olhada na thali para ver o que ela estava trazendo. Esquecia tudo sobre Vedanta, sobre Brahma, e às vezes era muito embaraçoso, porque havia pessoas presentes e elas achavam um absurdo um homem liberto ser preso à comida.

Um dia, sua esposa insistiu:"Por que você faz isso? Deve haver alguma razão."

Ramakrishna disse: "No dia em que eu não o fizer, você poderá contar mais três dias para eu estar vivo aqui. Quando eu parar, este será o sinal de que só estarei aqui por mais três dias."

Sua esposa riu, seus discípulos também riram e disseram: "Isso não explica nada!" Eles não conseguiram acompanhar o significado do que foi dito.

Mas aconteceu exatamente assim. Um dia, sua esposa chegou com a comida e ele estava repousando em sua cama. Ele virou-se de lado - geralmente pulava da cama para olhar. Sua esposa lembrou-se do que ele havia dito: que viveria apenas mais três dias quando se mostrasse indiferente à comida. Ela não conseguiu segurar a thali; a thali caiu e ela começou a chorar.

Ramakrishna disse: "Mas todos vocês queriam que isso acontecesse. Agora, não se preocupem. Estarei aqui por mais três dias." No terceiro dia, ele morreu. Antes de morrer, disse que estava preso à comida só para continuar ligado a alguma coisa imperfeita e poder estar com os discípulos, servindo-os.

Muitos Mestres fazem isso. No momento em que sentem que estão se tornando completamente perfeitos, prendem-se a alguma imperfeição só para continuar aqui. Caso contrário, esta margem não é mais para eles. Se todas as amarras são rompidas, seus botes rumam para a outra margem, não podem permanecer aqui.

Assim, eles mantêm alguma amarra, mantêm algum relacionamento, encontram alguma fraqueza em si mesmos e não permitem que ela desapareça. Desse modo, o círculo não é completado, uma lacuna permanece. Através dessa lacuna, eles continuam aqui.

É por isso que os hindus, os budistas e os jainistas, por terem conhecido muitos mestres, sabem que a perfeição não é deste mundo. No momento em que o círculo se completa, desaparece dos seus olhos. Você não pode ver, não está na sua linha de visão, está além - lá você não consegue penetrar.

Mas para dizer que Jesus já era perfeito quando nasceu, para enfatizar este fato, os cristãos tiveram de deixar de lado todos os registros. Jesus buscava tanto quanto você, era uma semente de mostarda como você. Tornou-se uma árvore, uma grande árvore, e milhares de pássaros do Céu se abrigam nele - mas também foi uma semente de mostarda.

Lembre-se que Mahavira, Buda e Krishna também nasceram imperfeitos, porque o nascimento pertence à imperfeição. Não há nascimento para o que é perfeito; quando alguém é perfeito, não existe transmigração.

Osho, em "A Semente de Mostarda"
Imagem por Matthew Winterburn

Sem o Todo o fragmento não tem significado

$
0
0
Jesus disse:
'Abençoado é o homem que sofreu,
pois ele encontrou a Vida.'

Jesus disse:
'Olhe para o Eterno enquanto viver,
para que não morra; procure até encontrá-Lo,
pois será incapaz até ver.'

Eles viram um samaritano,
carregando uma ovelha, a caminho da Judéia.

Jesus perguntou a seus discípulos:
'Por que aquele homem leva consigo uma ovelha?'

Eles responderam:
'Para matá-la e depois comê-la.'

Jesus lhes disse:
'Enquanto a ovelha estiver viva,
ele não a comerá.
Apenas quando a matar
e ela tornar-se um cadáver
é que poderá comê-la.'

Os discípulos disseram:
'Do contrário, ele não será capaz de comê-la.'

Jesus lhes disse:
'Procurem em si mesmos um lugar de repouso,
a fim de que não se tornem cadáveres e sejam comidos.'

Jesus disse:
'Dois repousarão numa cama:
um morrerá
e o outro viverá.'

Desde os tempos mais remotos, o homem ter perguntado inúmeras vezes por que há sofrimento na vida. Se Deus é o Pai, por que há tanto sofrimento? Se Deus é amor e compaixão, por que a existência sofre?

Não há uma resposta satisfatória para isso. Mas se você entender Jesus, entenderá a resposta. O homem sofre porque não existe outra maneira de amadurecer, de crescer. O homem sofre porque apenas através do sofrimento consegue tornar-se mais consciente. A consciência é a chave.

Observe sua própria vida: sempre que está confortável, tranquilo, feliz, a consciência é perdida. Sua vida é uma espécie de sono, você vive como se estivesse hipnotizado, como se estivesse sonambulando; você se movimenta, faz coisas - mas como um sonâmbulo.

É por isso que quando não está sofrendo a religião desaparece da sua vida. Você não vai a templos, isso não faz sentido; você não reza a Deus, para quê? Parece não haver nenhum motivo.

Sempre que está sofrendo, você vai à igreja, seus olhos se movem em direção a Deus, seu coração se move para a oração. Existe alguma coisa oculta no sofrimento que o torna mais consciente de quem é, de por que existe, de para onde está indo. Sua consciência é intensa num momento de sofrimento.

Nada pode ser insignificante neste mundo. Ele é um cosmos, não um caos. É possível que você não o compreenda - isto é outra coisa - porque só conhece os fragmentos, não conhece o todo. Sua experiência de vida é como uma página solta de uma novela: você a lê, mas não faz sentido, porque é apenas um pequeno fragmento, você não conhece a estória toda. Se a conhecesse, essa página seria compreensível, coerente, significativa.

O que é significativo? É o conhecimento do fragmento em relação ao todo; é o relacionamento do fragmento com o todo. Um louco falando na rua não é significativo. Por quê? Porque é impossível relacionar o que ele fala com alguma outra coisa; sua fala é um fragmento apenas. Mas ele não está falando com ninguém, não tem necessidade, não há ninguém lá com quem falar. Sua fala é fragmentária, faz parte de um grande todo, e é por isso que é incoerente.

As mesmas palavras - exatamente as mesmas palavras - ao serem usadas por um outro homem, têm significado se ele estiver falando com alguém. Por quê? As palavras são as mesmas, as sentenças, os gestos são os mesmos e a um homem você chama de louco e ao outro não. Por quê? Porque há alguém para ouvir; o fragmento não é fragmentário, faz parte de um todo maior - é repleto de significado.

Corte um pedaço de uma tela de Picasso: ela não faz sentido; é só um fragmento e um fragmento é algo morto. Cole-o outra vez à tela e, de repente, o significado aparece. Torna-se coerente, porque agora faz parte de um todo, significa algo para você. Se o homem moderno se sente constantemente sem significado, isto acontece porque Deus tem sido negado - ou esquecido.

Sem Deus, o homem não pode ter significado, porque Deus quer dizer o Todo; o homem é apenas um fragmento. Você é apenas um verso da poesia - sozinho, é apenas um rabisco. No poema completo, seu significado aparece, porque está relacionado com o todo. Lembre-se sempre disso.

Lembro-me de um sonho de Bertrand Russell. Ele era ateu, nunca acreditou em Deus, nunca foi capaz de ver qualquer significado mais amplo que pudesse compreender o Todo. Ele contou o seguinte sonho: uma noite, durante o sono, ouviu alguém que batia à porta. Foi abri-la e viu o velho Deus ali parado.

Não pôde acreditar em seus olhos, porque nunca acreditara em Deus - até mesmo em sonhos, ele lembrava-se disto: "Não acredito em Deus." Mas o Velho parecia ter sido esquecido por todos, abandonado por todos; suas roupas estavam rasgadas, a sujeira havia se juntado em seu rosto e em seu corpo; Ele parecia tão fora de moda - quase como um desenho descolorido, no qual não se consegue ver claramente o que está acontecendo - Russell sentiu muita pena Dele. Então, só para animá-lo, disse: "Entre!" Bateu em suas costas como um amigo e disse: "Anime-se!" Neste momento, Russell acordou e o sonho desapareceu!

Esse é o estado do homem moderno, da mente moderna: Deus está fora de moda. Ou você está contra Ele ou, no máximo, está com pena Dele. Por sentir pena, tenta fazer com que Ele fique alegre, mas não porque Ele seja significativo para você - é apenas um quadro fora de moda, descolorido, inútil, um refugo do passado. Ou Ele está morto, ou mortalmente doente em Seu leito de morte.

Mas se o Todo está morto, como o fragmento pode ter significado? Se o Todo está fora de moda, como a parte pode ser nova, fresca e jovem? Se a árvore está morta, como a folha pode achar que está viva? Se ela pensar isso, será simplesmente estúpida. Poderá levar um pouco mais de tempo para a folha morrer, mas se a árvore estiver morta, a folha terá de morrer - já está morrendo.

Se Deus está morto, então o homem não pode viver. E o homem está mortalmente doente, porque sem o Todo o fragmento não tem nenhum significado.

Mas sempre que você está feliz - quando tem lampejos de felicidade e não a felicidade de fato - sempre que se sente confortável, à vontade, quando nada o perturba, você pensa que é o Todo.

Isso é uma ilusão.

Quando está sofrendo, de repente, percebe que não é o Todo. Quando está sofrendo, de repente, percebe que não é o que deveria ser, algo está errado, os sapatos apertam. Alguma coisa está errada e alguma transformação é necessária. Daí o valor do sofrimento.

O sofrimento lhe dá consciência, lhe dá o sentimento de que precisa mudar, de que tem de se renovar, renascer. Assim como você é, está sofrendo, por isso alguma coisa tem de ser feita.

Osho, em "A Semente de Mostarda"
Imagem por Hjem

Alcance as estrelas

$
0
0
Assim como a miséria pode ser contagiosa, a saúde também pode. Uma pessoa iluminada está destinada a criar nos outros um desejo urgente, imediato, de possuírem a mesma luz.

Uma pessoa dançando e cantando com abandono vai certamente afetar outras pessoas porque elas também estão carregando a mesma canção oculta, a mesma dança — elas também foram aleijadas pela sociedade.

Elas também têm os mesmos olhos para a beleza, mas foram cegas pela sociedade. Elas também têm energia para celebrar, mas esta sociedade não acredita em celebração.

Esta sociedade é absolutamente insana. Ela acredita em dinheiro, acredita em poder, acredita em violência, estupros, homicídios. Ela acredita em toda espécie de crimes, acredita em toda espécie de ficções, mas não entende nem um pouco sobre si mesma.

No momento em que uma pequena janela se abre em você, você é um ser transformado. O novo homem nasceu em você.

Divirta-se — esta existência é para o seu divertimento, é a sua existência, é a sua casa. Ninguém é pecador, exceto aqueles que não celebram. Para mim, celebração é a única virtude.

Um homem estava visitando seu amigo George, que estava morrendo no hospital.
Ele disse: "Bem, de qualquer forma, George, você viveu uma vida boa. Certamente você irá para o céu."
George respondeu: "Sim, eu tive uma vida boa, mas existe algo que nunca lhe contei."
"O que é?", perguntou seu amigo.
"Lembra-se daquela vez que eu fui a Chicago a negócios no ano passado? Bem, lá eu fiz amor com uma linda mulher".
Chocado, seu amigo respondeu: "Eu não posso acreditar nisso. Sua esposa, seus filhos — você não pensou neles?"
"Sim, pensei", respondeu George, "e então pensei: desde que já conheço como é o inferno, devo também conhecer como é o céu."

Você conheceu o inferno, agora você está entrando no céu. Todo mundo tem sofrido por muitas vidas no inferno. O inferno não está situado em nenhum ponto geográfico do mundo ou do Universo; ele está em sua mente distorcida.

E o céu é outro nome para a mente que transcendeu a si mesma e alcançou o estado de não-mente. Por isso a minha insistência contínua no silêncio.

Abençoados são aqueles que permitem a si mesmos serem contagiados com a festividade, com o amor, com a paz, com o silêncio e a celebração.

Osho, em "Após a Meia-Idade: Um Céu Sem Limites"
Imagem por jek in the box

Eu vivo espontaneamente

Escrito em todos os lugares

$
0
0
Seja como as crianças pequenas — dançando, cantando, gritando — e a divindade chegará a você sem avisar.

De repente, em um momento, você verá ao seu redor; de repente, você verá que não está segurando as mãos de uma mulher — Deus está segurando suas mãos; você não está segurando as mãos de um homem — são as de Deus.

Ao olhar dentro dos olhos do outro descontraída e repentinamente, você cairá em um lugar profundo e desconhecido para você, desconhecido para sua mente. Vai começar a desaparecer em um profundo abismo.

Isso é que é Deus! Deus não está nas escrituras — ele está nos olhos das pessoas, e nas flores, nos rios e nas luas. Deus está escrito em todos os lugares!

E se você não conseguir encontrar Deus em árvores vivas, verdes, vermelhas e douradas, se não conseguir encontrar Deus ali, não vai encontrá-lo na Bíblia, no Alcorão ou no Vedas. Como você poderá encontrá-lo lá se não pode encontrá-lo aqui?

Quando conseguir encontrá-lo aqui poderá encontrá-lo em todas as partes... então a divindade está em todos os lugares.

Quando é encontrada, a divindade passa a estar em todas as partes — mas você terá de encontrá-la na vida, na descontração.

Osho, em "Viva Ao Máximo!"
Imagem por Brett Sayer

O coração é a coisa mais perigosa do mundo

$
0
0
O coração é a coisa mais perigosa do mundo.

Toda cultura, toda civilização e toda pretensa religião separam a criança do seu coração. Ele é uma coisa muito perigosa. Tudo o que é perigoso vem do coração.

A mente é mais segura, e com a mente você sabe onde está. Com o coração, ninguém sabe onde está. Com a mente, tudo é calculado, mapeado, medido.

E você pode sentir a multidão sempre com você, à sua frente e atrás de você. Muitos estão se movendo nela; é uma auto-estrada — concreta, sólida e que lhe dá uma sensação de segurança.

Com o coração, você está só, ninguém está com você. O medo o pega, o possui, toma conta de você. Para onde você está indo? Agora você não sabe mais, porque quando você se move numa estrada com a multidão, você sabe onde vai porque pensa que a multidão sabe.

E todos estão na mesma posição; todos pensam: "Tanta gente andando, devem estar indo a algum lugar; de outro modo, porque tanta gente, milhões de pessoas se movendo? Devem estar se dirigindo a algum lugar".

Todos pensam assim.

Na verdade, a multidão não vai a lugar algum. Jamais alguma multidão chegou a meta alguma; a multidão continua a caminhar. Você nasce e se torna parte dela, e a multidão já estava caminhando antes de você nascer.

E chega um dia em que você acaba, você morre, e a multidão continua a caminhar, porque sempre há gente nova nascendo.

A multidão nunca chega a lugar algum — mas ela dá uma sensação de conforto. Você se sente aconchegado, rodeado de tantas pessoas mais sábias, mais velhas e mais experientes que você; elas devem saber para onde estão caminhando — e você se sente seguro.

No momento em que você começa a cair para o coração... e é uma queda, como cair num abismo. Eis porque quando uma pessoa está apaixonada, dizemos que ficou caída de amor. É uma queda — a cabeça a vê como uma queda —, alguém se desviou, caiu.

Quando você começa a cair em direção ao coração, você fica só; agora ninguém pode estar ali com você. Você, na sua solidão total, ficará temeroso e assustado. Agora não saberá para onde está indo, porque ninguém está ali e não há marcos de referência.

Na verdade, não há um caminho sólido, concreto. O coração não está mapeado, medido, cartografado. Só haverá um tremendo medo.

Todo o meu esforço é para ajudá-lo a não ter medo, porque somente através do coração é que você renascerá. Mas antes de renascer, você terá que morrer. Ninguém pode renascer antes de morrer.

Logo, toda a mensagem do Sufismo, do Zen, do Hasidismo — todas essas são formas de Sufismo — é de como morrer. A base é a arte de morrer. Não estou ensinando outra coisa senão isto: como morrer.

Se você morre, fica disponível a fontes infinitas de vida. Na verdade, você morre na sua forma presente; ela ficou estreita demais. Nela você apenas sobrevive — você não vive. A tremenda possibilidade da vida está completamente fechada, e você se sente confinado, preso.

Você sente, em todas as partes, uma limitação, uma prisão. Uma parede, um paredão de pedra surge em cada lugar para onde você se dirige — uma parede.

Todo meu esforço é de como quebrar essas paredes de pedra. E elas não são feitas de pedras, mas de pensamentos. E nada é mais rochoso do que um pensamento; eles são feitos de dogmas, de escrituras. Eles o cercam, e onde quer que vá, você os carrega junto.

Você carrega sua prisão; ela está sempre pendurada à sua volta. Como rompê-la?

A quebra das paredes parecerá uma morte para você. E é, de certo modo, porque sua identidade atual será perdida; você não será mais. Subitamente, uma outra coisa... Ela estava escondida dentro de você, mas você não estava alerta.

De repente, uma descontinuidade. O velho já não é mais, e algo completamente novo entrou. Não se trata de uma continuidade com o seu passado, eis por que a chamamos de morte. Não é contínuo: existe um intervalo.

E se você olhar para trás, não terá a sensação de que era real tudo aquilo que existia antes desta ressurreição. Não, parecerá como se fosse um sonho, ou como se você tivesse lido em algum lugar, uma ficção, ou como se alguém tivesse contado sua própria estória e que jamais fora sua — de uma outra pessoa.

O velho desaparece completamente. Eis porque chamamos isso de morte. Um fenômeno absolutamente novo passa a existir, e lembre-se da palavra "absolutamente". Não é uma forma modificada do velho, não tem conexão alguma com o velho; trata-se de uma ressurreição. Mas a ressurreição só é possível quando você for capaz de morrer.

Osho, em "Antes Que Você Morra"
Imagem por madmetal

Tornando-se livre

$
0
0
Osho,
eu tenho sessenta e dois anos e os jovens me aceitam como se eu fosse um deles. Como isso é possível?

Meditação é uma transformação de todo o seu ser. Você não é mais parte da multidão, não é mais um parafuso da máquina. Você tomou a responsabilidade sobre os seus próprios ombros; tornou-se um indivíduo livre.

A nacionalidade irá desaparecer, porque são linhas arbitrárias criadas pelo homem — a sua existência é algo feio porque mostra que o homem ainda não é maduro; senão qual é a necessidade de haver tantas nações, e de cada nação ter enormes exércitos?

As pessoas estão morrendo de pobreza, e setenta por cento do rendimento nacional em todo o mundo vai para gastos militares. A humanidade está vivendo apenas com trinta por cento e os exércitos ficam com todo o restante — naturalmente, porque eles venderam suas vidas e estão se preparando para a morte, seja para matar ou ser morto.

Isso parece ser tão inútil. Por que deve haver guerras? Por que deve existir violência? E por que as nações, após cinco mil anos de experiência, continuam a mostrar que são cancerosas, destrutivas?

O homem de meditação está destinado a ser cidadão do mundo. Ele não irá ser cristão, ou hindu, ou maometano, porque ele se relaciona com a existência por si mesmo; não há necessidade de nenhum mediador, de nenhum padre, de sagradas escrituras ou de igrejas.

Todas essas religiões não têm criado nada além de derramamento de sangue, queima de seres humanos vivos e a perpetuação de toda espécie de atos repugnantes contra uma humanidade inocente.

À medida que você se torna mais silencioso, que seus olhos se tornam mais claros, que a fumaça ao seu redor desaparece, as religiões, nações, discriminações entre preto e branco, entre homem e mulher, começam todas a desaparecer.

Está certo você se sentir sem idade.
A meditação começa por levá-lo além do tempo, porque ela vai também levá-lo além da morte.

Você ficará surpreso ao saber que em sânscrito há apenas uma palavra para morte e tempo. A palavra é Kal. Kal significa também amanhã — amanhã haverá apenas a morte e nada mais; a vida é hoje.

À medida que você se torna mais tranquilo... as suas tensões são o seu peso. Quando as tensões não existem mais, você se torna leve, sem peso. E a consciência, que é a sua realidade, não tem limitação de espaço e tempo.

Seu corpo cresce da infância para a juventude, para a velhice e para a morte. Essas mudanças estão ocorrendo apenas ao corpo. São uma troca de mobília da casa, ou uma nova pintura, ou uma nova fachada, mas o homem que vive na casa, o chefe da casa, não é afetado por essas coisas.

A consciência é o mestre.
O seu corpo é apenas a casa.

No momento em que você entra em meditação, você toca, dentro de si mesmo, em algo universal — algo que não tem idade, que não tem limitações seja de tempo ou espaço.

Isto não está acontecendo somente a você. Eu recebo muitas cartas de sannyasins velhos, dizendo que eles estão se sentindo tão jovens que não sentem nenhum contraste de gerações.

Eles se misturam com sannyasins jovens e nem por um momento lhes vem a ideia de que eles têm oitenta anos e que os outros têm apenas vinte. Eles se comunicam e ninguém acha isso estranho.

Uma mulher sannyasin, da Escócia, escreveu para mim: "Agora, Osho, já está um pouco demais!" Ela está com setenta e oito, e agora está correndo atrás de borboletas! Todo o vilarejo pensa que ela ficou louca, porque ela está continuamente rindo e se divertindo e ninguém consegue acreditar nisso.

Por eles a terem visto sempre miserável, não podem acreditar no que aconteceu. Ela está se comportando como uma criança.
Ela me perguntou: "O que eu devo fazer? Devo tentar me comportar da maneira antiga?"

Eu disse a ela: "Você pode tentar, mas não vai ser bem-sucedida. Não perca seu tempo, continue a correr atrás das borboletas. E por que se importar com os idiotas de sua cidade? Divirta-se."

Meditação não é algo mental.
Meditação é algo que diz respeito ao seu ser.

É necessário apenas uma pequena conexão... e, de súbito, tudo é diferente. O corpo continuará seu caminho, mas você saberá que não é seu corpo. Pessoas morrerão, mas você saberá que a morte é impossível.

A sua própria morte virá — mas a meditação o prepara para a morte, para que você possa ir dançando e cantando para o derradeiro silêncio, deixando a forma para trás e desaparecendo no sem-forma.

Osho, em "Após a Meia-Idade: Um Céu Sem Limites"
Imagem por hessiebell

Escutar

$
0
0
Escutar é uma profunda participação entre o corpo e a alma. E é por isso que tem sido utilizado como um dos métodos de maior potencial para a meditação... porque interliga os dois infinitos: o material e o espiritual.

Quando você estiver sentado, apenas escute o que quer que esteja acontecendo; é um mercado e há muito barulho e tráfego, o trem, o avião — escute-os sem nenhuma rejeição na mente para o que é barulhento.

Escute como se você estivesse ouvindo música, com simpatia, e subitamente você verá que a qualidade do barulho mudou. Não está mais distraindo, não está mais perturbando; pelo contrário, se torna muito agradável. Se escutado corretamente, até mesmo o mercado se torna uma melodia.

Assim, o que você está escutando não é o importante — o importante é que você está escutando, não apenas ouvindo.

Mesmo se você estiver escutando algo que você nunca pensou que valesse a pena escutar, escute-o com muita alegria — como se você estivesse escutando uma sonata de Beethoven — e de repente você verá que você transformou a qualidade disso. Isso se torna belo. E nesse escutar seu ego irá desaparecer.

Osho, em www.osho.com
Imagem por mystical child

Neti Neti

$
0
0
Perguntaram a Osho:
Osho,
por favor, na pergunta "quem sou eu?", o que "eu" significa?
Significa a essência da vida?
Hermann Sander,

"Quem sou eu?" não é realmente uma pergunta porque não há uma resposta para ela, ela é irrespondível. É um estratagema, não uma pergunta. Ela é usada como um mantra.

Quando você pergunta constantemente dentro de você "quem sou eu? Quem sou eu?", você não está esperando por uma resposta. Sua mente lhe dará muitas respostas, todas essas respostas devem ser rejeitadas.

Sua mente dirá: "Você é a essência da vida. Você é a alma eterna. Você é divino", e assim por diante. Todas essas respostas têm que ser rejeitadas: neti neti — a pessoa tem que continuar dizendo: "Nem isto nem aquilo".

Quando você tiver negado todas as possíveis respostas que a mente pode dar e arquitetar, quando a pergunta permanecer absolutamente irrespondível, um milagre acontece: de repente a pergunta também desaparece.

Quando todas as respostas tiverem sido rejeitadas, a pergunta não tem nenhum apoio, nenhum suporte interno para continuar a existir. Ela simplesmente cai, sofre um colapso, ela desaparece.

Quando a pergunta também desaparece, então você sabe. Mas aquele saber não é uma resposta; é uma experiência existencial. Nada pode ser dito sobre ela, ou o que quer que seja dito será errado.

Dizer algo sobre ela é falsificá-la. É o mistério definitivo, inexprimível, indefinível. Nenhuma palavra é suficientemente adequada para descrevê-la. Até mesmo a frase "essência da vida" não é adequada. Nada é adequado para expressá-la, sua própria natureza é inexprimível.

Mas você sabe. Você sabe exatamente do mesmo modo que a semente sabe crescer — não como o professor que sabe sobre Química ou Física ou Geografia ou História, mas como o botão que sabe como abrir numa manhã ensolarada. Não como o padre que sabe sobre Deus, sobre e sobre ele vai, em torno e em torno, ele vai.

O conhecimento divaga, a sabedoria é uma penetração direta. Mas no momento que você penetra diretamente no interior da Existência, você desaparece como uma unidade separada. Você não é mais. Quando aquele que sabe não é mais, o saber é. E o saber não é sobre alguma coisa — você é o seu próprio saber.

Então eu não posso dizer, Sander, o que "eu" significa na pergunta "quem sou eu?". Não significa nada! É simplesmente um estratagema para lhe levar para dentro do inexplorado, para lhe levar para dentro daquilo que não é viável à mente.

É uma espada para cortar as próprias raízes da mente, então somente o silêncio da não-mente é deixado. Naquele silêncio não há nenhuma pergunta, nenhuma resposta, nenhum sabedor, nenhum sabido, mas somente sabedoria, somente experiência.

É por isso que os místicos parecem estar com tanta dificuldade para expressá-la. Muitos deles permanecem silenciosos por estarem conscientes que o que quer que você diga sai errado. No momento em que você diz, dá errado. Aqueles que falaram, eles falaram com essa condição: não se apegue às nossas palavras.

Lao Tzu diz: "O Tao, uma vez descrito, não é mais realmente Tao. No momento em que você diz alguma coisa sobre ele você já o falsificou, você já o traiu. É uma sensação muito íntima, incomunicável".

"Quem sou eu?" funciona como uma espada para cortar todas as respostas que a mente possa dar. As pessoas Zen dirão que é um koan, exatamente como outros koans.

Osho, em "Ah, Isto!"
Imagem por Albion Europe ApS

A beleza disto

$
0
0
Todo mundo, mais cedo ou mais tarde, está destinado a ficar velho. Temos que entender a beleza da velhice e também a liberdade da velhice.

Temos que entender a sabedoria da velhice; temos que entender seu tremendo desprendimento de todas as coisas tolas que acontecem nas vidas das pessoas que ainda são jovens.

A velhice dá a você uma certa estatura, e se essa estatura puder ser associada à meditação... você irá perguntar a si mesmo: por que você desperdiçou a sua juventude, por que seus pais destruiram sua infância, por que a meditação não lhe foi dada como o primeiro presente, no dia em que você nasceu?

Mas em qualquer época que você conheça a meditação, nunca é tarde demais. Mesmo a poucos momentos antes de sua morte, se você conseguir entender o significado do seu ser, sua vida não foi um desperdício.

Osho, em "Após a Meia-Idade: Um Céu Sem Limites"
Imagem por iNelsonRocha

A velhice é sua própria criação

$
0
0
A velhice no Oriente tem sido imensamente respeitada. No passado era tido como um ato vergonhoso — quando suas crianças já haviam se casado, quando suas crianças já estavam tendo filhos — você estar ainda totalmente apaixonado, ainda escravo da biologia.

Você deveria elevar-se; é tempo de deixar o campo para outros tolos jogarem futebol. Quando muito, você pode ser um juiz, não um jogador...

A menos que você aceite com gratidão tudo o que a vida traz, você está deixando escapar o sentido, não está compreendendo. A infância foi bela; a juventude teve as suas flores; a velhice tem os seus próprios picos de consciência.

Mas o problema é que a infância vem por si própria e com a velhice você deve ser muito criativo.

A velhice é sua própria criação.

Ela pode ser um sofrimento, ela pode ser uma celebração; ela pode ser simplesmente um desespero e pode ser também uma dança. Tudo depende de quão profundamente preparado você está para aceitar a existência e o que quer que ela lhe traga.

Algum dia ela trará a morte também — aceite-a com gratidão.

Osho, em "Após a Meia-Idade: Um Céu Sem Limites"
Imagem por flickrolf

Lembre-se de sua respiração

$
0
0
Se você puder se tornar um mestre da sua respiração você se torna mestre de suas emoções... O inconsciente prossegue mudando seu ritmo de respirar, portanto, se você se torna cônscio desse ritmo e suas constantes mudanças, você pode ficar cônscio das suas raízes inconscientes, do que o inconsciente está fazendo.

a) Respire profundamente o dia todo, não forçado, mas devagar e bem fundo, toda vez que você lembrar e sinta-se relaxado, não tenso.

b) Vigie sua respiração, observe-a. Quando a respiração sai, vá com ela, quando ela entrar, mova-se com ela. Se você puder observar sua respiração, ela se tornará profunda, silenciosa, rítmica. Seguindo a respiração você se torna muito diferente, porque essa conscientização constante da respiração irá lhe desprender de sua mente. A energia que normalmente se move para o pensar, se moverá para a observação. Essa é a alquimia da meditação — mudar a energia que se move do pensar para a observação... Como não ser um pensador mas uma testemunha. Mas seja brincalhão ao observar sua respiração, não faça disso um trabalho.

c) Use sua respiração como uma conscientização da vida e da morte simultaneamente. Quando a respiração sai ela está associada com a morte; quando ela entra, com a vida. Com cada expiração você morre; com cada inspiração você renasce. Vida e morte não são duas coisas, separadas, divididas: elas são uma. E a cada momento, ambas estão presentes. Portanto lembre-se disso: quando sua respiração está saindo, sinta como se você estivesse morrendo. Não se assuste. Se você se assustar, a respiração será perturbada. Aceite isso: a expiração é morte. E a morte é bela, é relaxante.


Osho, em "The New Alchemy"
Imagem por ser...

Amor e alquimia

$
0
0
No meu entender, à medida que o seu amor se aprofunda, o seu sexo desaparece. O amor é tão completo que qual é a necessidade de sexo? Ele está ultrapassado, fora de moda.

Está chegando o tempo em que as crianças não mais nascerão como fruto do sexo entre o homem e a mulher — porque temos sofrido muito: crianças cegas, crianças retardadas que têm que viver suas vidas em profunda agonia e sofrimento porque não há meios de remediar a situação.

Mas agora temos os meios. Agora o amor pode ser uma total alegria, pura diversão, uma celebração. Não há mais a responsabilidade ou o medo de tornar a mulher grávida, porque isso a mantém em escravidão; porque você é um parceiro em criar a criança, você terá de ser um parceiro em ajudá-la a crescer.

O passado na história do homem não tem sido realmente humano. Pode tornar-se humano somente se a mulher e o homem deixarem de ser apenas parceiros sexuais. Isso arrasta ambos para espaços muito baixos.

Se eles puderem amar um ao outro com respeito, sem se usarem como mercadorias, ambos, homem e mulher, terão um grande crescimento de consciência.

Quanto mais sua energia sexual se transforma em amor, mais você se torna um ser espiritual.

O sexo é apenas um processo reprodutor forçado em você pela natureza. A natureza o tem usado como uma fábrica. E você nem ao menos tem a dignidade de declarar: "Eu não sou uma fábrica!"

Isso acontecerá apenas se você estiver alerta, desperto, consciente do que está fazendo, do que está pensando, de como está se comportando; e isso traz a você tal graça e tal beleza que a preocupação com a beleza física simplesmente desaparece.

Eu tenho visto muitas mulheres bonitas com mentes muito feias. Eu tenho visto homens bonitos, mas sua beleza não vai além da superfície. E este é o problema: a beleza é sempre superficial, mas a feiúra é profunda. Cave profundamente e você a encontrará, ela está lá; está nos ossos, está na medula.

O amor é a alquimia que pode transmutar essa feiúra interior. E quando ela desaparece inteiramente, mesmo um rosto ordinário, um rosto comum, começa a brilhar com a bênção e a alegria do além.

Osho, em "Após a Meia-Idade: Um Céu Sem Limites"
Imagem por Neal.

Natural é bonito

$
0
0
Hoje* eu fui informado que bilhões de dólares são gastos em cirurgias plásticas apenas nos Estados Unidos. Quase meio milhão de pessoas, todo ano, fazem cirurgia plástica.

Inicialmente a faixa etária do grupo que costumava fazer essa cirurgia era de mulheres de meia-idade — e era confinado apenas às mulheres — quando elas começavam a se sentir velhas, faziam uma plástica para continuarem jovens, atraentes, por mais alguns dias.

Mas em uma pesquisa recente foi revelado que a maior parte das pessoas que estão fazendo cirurgia plástica nos Estados Unidos são homens, não mulheres, porque agora eles querem ficar jovens durante mais um tempinho.

No fundo, eles se tornarão mais velhos, mas as suas faces mostrarão a elasticidade de um jovem. E o fato mais surpreendente na pesquisa é o de que até mesmo um jovem de 23 anos de idade fez cirurgia plástica para ficar mais jovem.

Esse país é certamente a terra dos lunáticos. Se um rapaz de 23 anos de idade acha que precisa parecer mais jovem...

É tão feio ir contra a natureza. É tão bonito estar em sintonia com a natureza e com qualquer presente que ela traga: a infância, a juventude ou a velhice. Se você aceitar e seu coração estiver aberto, tudo o que a natureza traz tem a sua própria beleza.

De acordo com a minha compreensão — e todos os sábios orientais me apoiam — o homem torna-se realmente bonito e total no ponto mais alto de sua idade, quando toda a tolice da juventude se foi; quando toda a ignorância da infância desapareceu; quando ele transcendeu todo um mundo de experiências mundanas e atingiu um ponto onde ele pode ser um observador na colina — enquanto o mundo inteiro está se movendo lá embaixo nos vales escuros e sombrios, tateando cegamente.

A ideia de permanecer continuamente jovem também é feia. O mundo inteiro deveria conscientizar-se de que forçar a si mesmo a ficar jovem simplesmente torna você mais tenso. Você nunca ficará relaxado.

E se a cirurgia plástica for bem-sucedida, tornando-se uma profissão cada vez mais difundida no mundo, você terá algo estranho acontecendo: todo mundo começará a parecer igual. Todo mundo terá o nariz do mesmo tamanho, o que será decidido pelo computador; todos terão o mesmo tipo de rosto, as mesmas feições.

Não será um mundo bonito; ele perderá toda a sua variedade, perderá todas as suas lindas diferenças. As pessoas se tornarão quase como máquinas, todas iguais, saindo de uma linha de montagem, carros Ford, um a um, igualzinho ao seu anterior — em uma hora, sessenta carros. Vinte e quatro horas por dia isso continua; o turno dos trabalhadores vai mudando, mas a linha de montagem continua a produzir os mesmos carros.

Você deseja que a humanidade também tenha linhas aerodinâmicas, montadas em uma fábrica, todos exatamente iguais, de tal modo que em todo lugar que você for encontre uma Sophia Loren? Isso seria muito enfadonho.

Todo mundo quer viver por mais tempo, mas ninguém quer tornar-se velho. Por quê? Por causa do estágio seguinte. Ninguém está realmente com medo da velhice, mas depois da velhice está a morte e nada mais.

Todo mundo gostaria de viver o máximo de tempo possível, mas nunca se tornar velho, porque tornar-se velho significa que você entrou na área da morte. No fundo, o medo de tornar-se velho é o medo da morte, e somente aqueles que não sabem como viver temem a morte.

A juventude é uma enfermidade da qual o homem se cura um pouco a cada dia. A velhice é a cura. Você passou através de todo o teste de fogo da vida, e chegou a um ponto onde você pode estar inteiramente desprendido, distante, indiferente.

Mas o Ocidente nunca entendeu a beleza da velhice. Eu posso entender, mas não posso concordar com esta ideia do Ocidente: o problema com a vida é que há tantas mulheres lindas — e tão pouco tempo. Essa é a razão de ninguém querer tornar-se velho, apenas para esticar o tempo um pouquinho mais.

Mas eu lhes digo: o problema seria ainda pior se houvesse poucas mulheres e muito tempo! Assim como está, é um mundo perfeito.

Osho, em "Após a Meia-Idade: Um Céu Sem Limites"
Imagem por Combined Media
(* Palestra proferida em 28 de setembro de 1987)
Viewing all 830 articles
Browse latest View live