Quantcast
Channel: palavras de Osho
Viewing all 830 articles
Browse latest View live

Que Natal...

$
0
0
Osho,
Você pode compartilhar hoje conosco uma piada sobre o Natal?


Segundo os antigos registros akáshicos, Maria tinha acabado de dar à luz seu filho. Ela estava deitada de costas no feno, exausta, quando a porta se abriu e entraram meia dúzia de pastores, meia dúzia de reis e meia dúzia de sábios do Oriente.

Ela levantou os olhos para o marido e disse: "Jesus, que maneira de passar o Natal!"

Osho, em "Philosophia Ultima"
Imagem por robert hextall

Por que tristeza no Natal?

$
0
0
Pergunta a Osho:
Por que eu sinto tristeza em relação ao Natal, quando toda a mensagem é alegrar-se e ser feliz?
A mensagem de Cristo é alegrar-se e ser feliz. Mas essa não é a mensagem do cristianismo. A mensagem do cristianismo é: seja triste, com cara de poucos amigos, olhar de coitado; quanto mais coitado você parecer, mais santo você é.

Às vezes eu realmente fico sensibilizado pelo pobre Jesus. Ele caiu na companhia errada, e eu me pergunto como ele está lidando no paraíso com todos esses santos cristãos, tão tristes, tão aborrecidos.

Ele não era um homem aborrecido, ele não era um homem triste — ele não podia ser. A palavra cristo é exatamente um sinônimo de buda. Ele era uma pessoa iluminada. Ele regozijou-se a vida, nas pequenas coisas da vida. Ele regozijou-se ao comer, ao beber, ao fazer amigos. Ele amava o companheirismo, ele amava toda a vida.

Mas os cristãos ao longo dos séculos o pintaram como sendo muito triste. Eles o pintaram sempre na cruz, como se por 33 anos ele sempre estivesse na cruz. E no meu entender um homem como Jesus não morre triste, mesmo na cruz. Ele deve ter rido antes de morrer.

Isso é o que al-Hillaj Mansoor fez antes de ser morto pelos fanáticos muçulmanos, porque ele havia declarado: Ana'l haq — Eu sou Deus. Muçulmanos não podiam tolerar isso, assim como os judeus não podiam tolerar Jesus. Mataram-no — mas, antes que o matassem, ele olhou para o céu e gargalhou.

Cem mil pessoas se reuniram para ver esse fenômeno horrendo, o assassinato de um dos maiores seres humanos que já caminharam sobre a terra. Alguém da multidão perguntou: "al-Hillaj, por que você está rindo? Está sendo morto!" E ele foi morto da forma mais cruel, pedaço por pedaço.

A crucificação de Jesus não é nada comparada à de Mansoor: primeiro as pernas foram decepadas, então suas mãos foram cortadas fora, e depois os olhos foram retirados, e então seu nariz foi cortado fora, e em seguida sua língua foi cortada fora, e então sua cabeça foi decepada. Eles torturaram-no tanto quanto foi possível, mas ele riu. Alguém perguntou: "Por que você está rindo?"

Mansoor disse: "Estou rindo porque o homem que você está matando é outro alguém, eu não sou ele. Eu estou rindo para Deus também. O que está acontecendo? — essas pessoas enlouqueceram? Elas estão matando outro alguém! Eu, você não pode matar, é ridículo, todo o seu esforço é ridículo. Então deixe que isso seja lembrado, que fique registrado que eu ri da sua tolice!"

E é exatamente isso que Jesus deve ter feito, riu. Mas os cristãos têm tentado o seu melhor para representar Jesus como triste. Eles fabricaram um santo sem nada de um autêntico e real ser humano, eles cortaram tudo fora. Os evangelhos não são histórias verdadeiras, muito tem sido alterado, muito tem sido reduzido, muito tem sido acrescentado. Eles se tornaram meras ficções.

Ao longo dos séculos, os cristãos têm tentado retratar Cristo como mais e mais triste. Por quê? —  porque por todo o mundo a religião tem sido dominada por um tipo neurótico de pessoas. Tem sido dominada por pessoas masoquistas, sádicas.

No Oriente também: hinduísmo, budismo, jainismo — todos estão sendo dominados por pessoas masoquistas, gente que gosta de se torturar, pessoas incapazes de viver a vida em sua totalidade. Gente que é covarde demais para viver, escapistas, têm dominado a religião até agora. Esses escapistas têm representado Buda como alguém sem risos, Mahavira como alguém sem risos.

E os cristãos realmente dizem que Jesus nunca riu na sua vida. Você pode acreditar nisso? Jesus nunca riu na vida? - e ele gostava de beber e comer, gostava de jogadores e prostitutas, gostava de todos os tipos de pessoas, e ele nunca riu?

Você pode imaginar que um homem como Jesus, que podia festejar por horas com seus amigos, nunca riu? É inconcebível! Como você pode ficar bebendo vinho e comendo por horas sem rir? Ele deve ter brincado, ele deve ter contado histórias engraçadas. Cortaram isso na edição.

Ele era um homem muito verdadeiro, e muito corajoso. Ele aceitou Maria Madalena, famosa prostituta da época, como sua discípula. Isso requer coragem, requer ousadia. Não posso acreditar que ele nunca riu.

Eu prefiro acreditar em uma história muito fantasiosa sobre Zaratustra —  a de que a primeira coisa que ele fez quando nasceu foi gargalhar. Nisso eu posso acreditar, mas eu não posso acreditar nessa história sobre Jesus, a de que ele nunca riu. Parece impossível.

Uma criança ... a primeira coisa que ele fez foi gargalhar. Mas eu posso acreditar nisso. Há uma certa beleza nisso, um certo significado. Isso simplesmente diz que Zaratustra nasceu sábio, nasceu iluminado, é isso. Se ele riu ou não, não é essa a questão.

E isso não parece muito difícil: se a criança pode chorar, porque ela não pode rir? Os médicos dizem que as crianças choram apenas para limpar a garganta, assim elas podem respirar mais facilmente. Mas isso pode ser feito de um jeito muito melhor por meio de uma gargalhada. E agora há médicos que dizem que se tomarmos o cuidado necessário as crianças não choram; pelo contrário, elas sorriem. Isso é um bom começo. Logo Zaratustras virão.

Mas até agora os médicos têm sido muito cristãos. A primeira coisa que fazem é segurar a criança de cabeça para baixo e batem-lhe nas nádegas. Você espera que a criança ria? São belas boas-vindas ao mundo, colocar a criança de ponta-cabeça, dar-lhe uma pancada - um bom começo, porque toda a vida ela vai tomar pancadas no traseiro, de novo e de novo. E pendurada de cabeça para baixo, como ela pode rir? Não causa admiração que ela chore!

Agora há alguns médicos trabalhando em uma direção diferente. Eles trazem a criança para fora do útero da mãe de uma forma mais natural, eles não cortam o cordão umbilical imediatamente porque isso gera o choro, é violência. Eles deixam a criança sobre a barriga da mãe com o cordão umbilical intacto. Eles dão um bom banho na criança, um banho quente, eles colocam a criança em uma banheira de água quente com exatamente a mesma temperatura existente no útero da mãe.

No útero da mãe a criança está flutuando na água. A água tem o mesmo conteúdo da água do mar, salgada. A criança é colocada numa banheira com a mesma solução química salina, com a mesma temperatura. Ela começa a sorrir. É uma recepção realmente muito bela.

E sem tubos de luzes fortes e ofuscantes: isso fere os olhos da criança. De fato, muitas pessoas estão usando óculos só por causa da insensatez dos médicos. A criança viveu por nove meses no útero da mãe, na escuridão, escuridão total. De repente, tanta luz: isso machuca seus delicados olhos. Você destruiu algo delicado nos olhos dela. A criança deve ser recebida com uma luz muito fraca, e a luz deve ser aumentada lentamente, lentamente, assim seus olhos se acostumam com a luz. Naturalmente, a criança sorri para um belo acolhimento.

Posso acreditar que Zaratustra gargalhou, mas não posso acreditar que Jesus jamais riu. Ele viveu 33 anos e não riu? — isso só seria possível se ele fosse completamente pervertido, completamente patológico, doente. Algo deve estar errado, se ele não riu. Mas não havia nada errado com ele; algo está errado com os seus seguidores. Eles representam seus santos, seus messias, seus profetas, como muito sérios, sombrios, tristes, só para mostrar que eles estão acima do mundo, que estão além do mundo, que não são mundanos. O riso parece superficial, parece não-espiritual.

É por isso — porque você foi educado como cristão. Embora a mensagem do Natal é alegrar e ser feliz, ainda existe uma tristeza, porque todo o cristianismo ensina você a ser triste. Não é uma religião de afirmação da vida, é de negação da vida. É de muito mais negação à vida do que o hinduísmo, de muito mais negação à vida que o judaísmo. Não tem senso de humor de modo algum. E uma religião sem senso de humor é doente, patológica. Precisa de tratamento psicológico.

Pedro, em pé no meio da multidão, olhou para Jesus na cruz. Enquanto olhava, viu claramente Jesus apontando para ele algo lá adiante.
"Psiu, ei, Pedro, vem cá", disse o Senhor.
Assim que Pedro moveu-se para a frente, dois guardas romanos bloquearam seu caminho e espancaram-no até que ele caiu no chão.
Alguns momentos depois, Pedro, machucado e sangrando, olhou para cima e viu Jesus de novo apontando para a frente.
"Psiu, ei, Pedro, vem cá!"
Olhando ao redor, Pedro percebeu que a multidão havia ido embora e também os soldados romanos. Ele se aproximou de Jesus: "Sim, Senhor, o que é? O que o Senhor quer? "
"Ei, Pedro", disse Jesus. "Adivinha? Eu posso ver sua casa daqui!"

Osho, em "The Dhammapada: The Way of the Buddha (volume 8)"
Imagem por Lin Pernille Photography

Amor: dissolução na existência

$
0
0
Nenhuma outra época, nenhum outro século jamais falou tanto do amor como nós falamos, e a conversa constante sobre o amor cria a ilusão de que sabemos o que ele é. Estamos enganando os outros e também enganando a nós mesmos.

E o homem está morrendo sem amor, porque, assim como o corpo precisa de comida, a alma precisa de amor — é uma necessidade. Mas a comida você pode produzir, pode criar, pode cultivar. Com o amor, você tem de aprender uma técnica totalmente nova: a técnica de estar relaxado, aberto, disponível.

É arriscado, é perigoso estar aberto, vulnerável, pois nunca se sabe o que pode acontecer. Por isso, as pessoas permanecem fechadas. Fechadas, elas se sentem seguras.

A segurança está lá, mas a vida desaparece. Elas estão mortas mesmo enquanto vivas. Estão quase na cova — seguras, protegidas, sem medo, com tudo garantido. Mas, se não há vida, para que servem todas essas garantias?

Uma vida real é sempre aventurosa, e o amor é a maior aventura. É entrar no desconhecido, é permitir que a existência se apodere de você. E ela só fará isso se você estiver pronto para se dissolver nela. Nessa dissolução, o amor cresce. Quando você não existe mais, o amor entra.

E é assim que Deus acontece. O amor é o começo de Deus, o amor é o mensageiro de Deus, é o primeiro raio do sol.

Osho, em "Meditações Para o Dia"
Imagem por Ant Smith

Diminua!

$
0
0
Se você correr muito rápido, a própria velocidade lhe dá uma intoxicação. É por isso que há tanto vício com a velocidade. Se você dirige um carro, a mente quer ir cada vez mais rápido. Ela lhe torna intoxicado.

A velocidade segrega certas substâncias químicas no corpo e no sangue; por causa disso você gostaria de continuar pressionando o acelerador. Experimente um dia correr rápido e observe o que acontece. Chega o momento no qual a velocidade assume a direção: essa é a aceleração da velocidade.

Exatamente o oposto acontece se você diminuir. O que um Buda está fazendo sob a árvore? – diminuindo a velocidade, nada mais. O que estou continuamente ensinando a vocês? – diminuir a velocidade. Chega um ponto que não há nenhuma velocidade dentro de você, ninguém correndo. Nesse momento a consciência acontece – você se torna iluminado.

Existem dois pólos: um é velocidade; assim você está intoxicado, você fica inconsciente. O outro é nenhuma velocidade – parada total, completa, uma parada absoluta. Subitamente você se torna iluminado.

O método:
Diminua sua velocidade. Coma devagar, caminhe devagar, fale devagar, mova-se bem lentamente, e aos poucos você chegará a conhecer a beleza da inatividade, a beleza da passividade. Assim você não fica intoxicado – você está completamente atento e cônscio.

Osho, em "Returning to the Source"
Imagem por cobalt123

Celebre!

$
0
0
Pequenas coisas devem ser celebradas — o sorver o chá precisa ser celebrado. As pessoas do zen criaram uma cerimônia do chá. Esse é o ritual mais belo já desenvolvido.

Existem muitas religiões e muitos rituais nasceram, mas não há nada como a cerimônia do chá — simplesmente sorver o chá e celebrá-lo! Apenas cozinhar o alimento e celebrá-lo! Apenas tomar um banho — deitar na banheira e celebrar; ou em pé, sob o chuveiro, e celebrar.

Essas são pequenas coisas — se você insistir em celebrá-las, o total de todas as suas celebrações será Deus. Se você me perguntar o que é Deus, direi: o total de todas as celebrações — celebrações pequenas e mundanas.

Um amigo vem e segura a sua mão ou te abraça. Não perca essa oportunidade — porque Deus veio na forma da mão, na forma do amigo. Uma pequena criança passa e ri. Não perca isso, ria com a criança — porque Deus riu através da criança. Você passa na rua e uma fragrância vem dos campos. Pare ali por um momento e se sinta grato — porque Deus veio como fragrância.

Se você puder celebrar momento a momento, a vida se tornará religiosa — e não existe outra religião, não há necessidade de ir a qualquer templo. Então, onde você estiver é o templo, e tudo o que você estiver fazendo é religião.

Osho, em "Osho Todos Os Dias — 365 Meditações Diárias"
Imagem por ben matthews :::

Encontrar o imortal

$
0
0
Uma rajada de inverno
desaparece entre os bambus
e assenta-se numa calmaria.

Basho

Que é nossa assim chamada vida?

Uma rajada de inverno desaparece entre os bambus e assenta-se numa calmaria Justamente como um drama, apenas uma brincadeirinha e você se foi.

Nossa assim chamada vida é tão momentânea que a gente não devia apegar-se a ela. Sua única função – única função apropriada – pode ser a de encontrar o imortal.

Oculto atrás de cada momento está o eterno. Mas você pode continuar movendo-se na superfície, nunca aprofundando-se na sua consciência. Você irá mover-se por milhões de vidas sobre a superfície semelhante a ondas.

Isso é puro desperdício de uma imensa consciência que pode abrir todas as portas de sua originalidade, de sua criatividade, de sua beleza, de sua alegria.

Cada momento torna-se assim um momento de dança.

Osho, em "The Original Man"
Imagem por ammgramm

Jogue fora todas as resoluções!

$
0
0
Pergunta a Osho:
Se fosse para tomar uma única resolução de ano novo, qual você sugeriria?
Esta e só esta pode ser a resolução de ano novo: Eu resolvo nunca fazer qualquer resolução porque todas as resoluções são restrições do futuro. Todas as resoluções são prisões. Você decide hoje em vez de amanhã? Você destruiu o amanhã.

Permita que o amanhã tenha sua própria existência. Deixe que ele venha à maneira dele! Deixe-o trazer seus próprios presentes.

Resolução significa que você irá permitir apenas isso e que você não irá permitir aquilo. Resolução significa que você gostaria que o sol nascesse no oeste e não no leste. Se ele nasce no leste, você não vai abrir as suas janelas, você vai manter as janelas abertas para o oeste.

O que é resolução? Resolução é luta. Resolução é ego. Resolução é dizer: "Eu não posso viver de forma espontânea." E se você não pode viver de forma espontânea, você absolutamente não vive - você só finge.

Então, deixe apenas uma resolução estar lá: eu nunca vou fazer quaisquer resoluções. Jogue fora todas as resoluções! Deixe a vida ser uma espontaneidade verdadeira. A única regra de ouro é que não existem regras de ouro.

Osho, em "Walk without Feet, Fly without Wings and Think without Mind"
Imagem por Vitor Sá - Virgu

Está com raiva? Bata no travesseiro!

$
0
0
A raiva é apenas um vômito mental. Algo que você ingeriu está errado, e todo o seu ser psíquico quer colocar para fora. Mas não é preciso jogar sua raiva sobre outra pessoa. É porque as pessoas jogam sua raiva em outras que a sociedade lhes diz para se controlarem.

Não jogue sua raiva em ninguém. Você pode tomar um banho, fazer uma longa caminhada... Tudo que a raiva significa é que você precisa de uma atividade intensa para que ela seja liberada.

Corra um pouco e você irá sentir que a raiva se esvai, ou pegue um travesseiro e bata nele, lute com ele, morda o travesseiro até que suas mãos e dentes estejam relaxados. Após cinco minutos de catarse, você irá sentir-se livre do peso e, quando descobrir isso, nunca mais irá jogar sua raiva em ninguém, porque isso é uma tolice completa.

Para iniciar uma transformação é necessário, antes de tudo, expressar sua raiva. Mas não jogue a raiva em ninguém porque, nesse caso, você não terá como expressá-la totalmente. Poderá querer matar ou morder alguém, mas isso não é possível.

Tudo isso, contudo, pode ser feito com um travesseiro. Um travesseiro é iluminado, é um buda! O travesseiro não irá reagir, não irá processar você. Não se tornará seu inimigo, não fará absolutamente nada. O travesseiro ficará feliz, rirá de você.

Osho, em "Osho de A a Z — Um Dicionário Espiritual do Aqui e Agora"
Imagem por massdistraction

Lançado novo álbum Palavras de Osho com fotos de Paulo Sézio

$
0
0
Presente de ano-novo para os leitores do blog: o fotógrafo Paulo Sézio produziu mais um álbum de imagens a partir de textos publicados aqui e no twitter @palavrasdeOsho:


Este álbum e o anterior você também pode acessar no site da Estação Dravos.
Obrigado, Paulo, pela gentileza em dispor de seu talento para ajudar voluntariamente na divulgação de Osho. Tenho certeza que, assim como eu, os seguidores do blog vão adorar esse presente.
Murilo, editor do blog.

Realizando por meio da não-realização

$
0
0
O que é não-realização?

O pico mais alto da consciência é quando você é apenas um ser — sem fazer nada, imóvel, profundamente silencioso, como se não existisse mais. Subitamente toda a existência começa a derramar flores sobre você.

O homem é treinado para realizar porque toda a sociedade necessita dele treinado como trabalhador em diferentes direções, para a produção, para a ganância, para a esperteza, para o poder.

Ele tem de ser transformado em um escravo cuja vida inteira não seja nada além de fazer, desde a manhã até a noite. Ele nem mesmo rejuvenesceu pelo sono e já tem de ir trabalhar nas estradas, trabalhar nos campos, trabalhar nos pomares.

A sociedade fez do realizar algo muito proeminente e respeitável. Ela se esqueceu completamente de que existe outra dimensão na vida. Não estou dizendo que você não deva fazer nada. Você tem de comer, tem de se vestir, necessita de um teto, de modo que algum tipo de realização será necessário.

Mas o realizar deve ser apenas utilitário; ele não vai lhe dar as grandes experiências para as quais a vida é uma oportunidade. Seu realizar vai lhe dar a sobrevivência. Mas sobreviver apenas não é estar vivo.

Estar vivo significa ter uma dança em seu coração. Estar vivo significa ter cada fibra de seu ser cheia de música celestial. Estar vivo significa experimentar o fluxo eterno da força da vida dentro de suas veias.

Isso é possível não pelo realizar; isso é possível apenas pela não-realização. Portanto, a não-realização é o derradeiro valor. Realizar é simplesmente mundano — por necessidade você tem de fazer algo.

Mas existe tempo suficiente: vinte e quatro horas por dia. Você pode dedicar cinco ou seis horas às necessidades comuns, e ainda sobrarão dezoito horas. Se você puder encontrar até mesmo duas horas para a não-realização, ficará tão enriquecido que não poderá conceber antecipadamente — porque, quando você não está fazendo nada, você não existe.

Então o que existe? Esse imenso silêncio da existência, essa imensa beleza das flores, esse infinito do céu que cerca você, tudo se torna parte de você. E o toque do eterno e o infinito e o imortal trazem tanto júbilo que, mesmo quando você está fazendo, lentamente, lentamente você encontrará esses júbilos mesmo no seu fazer, esses êxtases estarão entrando em seu trabalho.

Então o trabalho não é mais trabalho. Fazer não é mais fazer; torna-se a sua criatividade. O que quer que você faça, fará com totalidade. E toda a existência o sustentará, o encherá com tanto néctar de modo que você possa derramar esse néctar em suas ações, nos seus afazeres.

Subitamente você se torna um mágico. O que quer que você toque irá se transformar em ouro. Para onde você for, a existência seguirá lhe dando as boas vindas, e o que quer que faça, por menor que seja, será parte de sua meditação.

Osho, em "Dinheiro, Trabalho, Espiritualidade"
Imagem por oddsock

A ponte

$
0
0
João 1
1 No princípio era o Verbo, e o Verbo estava em Deus, e o Verbo era Deus.
[...]
3 Todas as coisas foram feitas por meio Dele e sem ele nada do que foi feito teria sido.
4 N'Ele estava a vida; e a vida era a luz dos homens.
5 E a luz brilhou na escuridão; e a escuridão não a compreendeu.
6 Houve um homem enviado por Deus, cujo nome era João.
7 Ele veio como testemunha, para dar testemunho da luz, e por meio dele todos os homens poderiam acreditar.
8 Ele não era a luz, mas fora enviado para dar testemunho dela.
[...]
11 Ele foi aos seus, mas os seus não o receberam.
12 Mas, a quantos o receberam, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus, aos que creem no seu nome;
[...]
14 E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós (e vimos sua glória, como do unigênito do Pai), pleno de graça e verdade.
[...]
16 E de Sua plenitude todos nós recebemos graça sobre graça.
17 Pois a lei foi dada por Moisés, mas a Graça e a Verdade vieram de Jesus, o Cristo.
[...]

Eu falarei do Cristo, mas não do cristianismo. O cristianismo não tem nada a ver com o Cristo. Na verdade, o cristianismo é anticristo — tanto quanto o budismo é antibuda e o jainismo é antimahavira.

O Cristo tem algo que não pode ser organizado: por sua própria natureza, ele é rebelião, e a rebelião não pode ser organizada. No momento em que você a organiza, você a mata. Então, sobra o cadáver.

Você pode reverenciá-lo, mas não pode ser transformado por um cadáver. Você pode carregar o peso por séculos e séculos, mas ele somente pesará em você. Assim, desde o começo, que isto fique bem claro: eu sou completamente a favor do Cristo, mas nem mesmo uma pequena parte de mim é a favor do cristianismo.

Se você quiser o Cristo, terá de ir além do cristianismo. Se você se apegar demasiadamente ao cristianismo, não será capaz de compreender Cristo. Ele está além de todas as igrejas.

Cristo é o próprio princípio da religião. Em Cristo todas as aspirações da humanidade são preenchidas. Ele é uma síntese rara. Comumente, um ser humano vive em agonia, angústia, ansiedade, dor e sofrimento.

Se você olhar para Krishna, ele foi para a outra polaridade: ele vive em êxtase. Não sobra nenhuma agonia: a angústia desapareceu. Você pode amá-lo, você pode dançar com ele por um tempo, mas a ponte estará perdida. Você está em agonia, ele está em êxtase — onde fica a ponte?

Um Buda foi ainda mais longe. Ele não está nem em agonia nem em êxtase. Ele está absolutamente tranquilo e calmo. Ele está tão distante que você pode olhar para ele, mas não pode acreditar que ele existe.

Parece um mito — talvez um preenchimento de um desejo da humanidade. Como pode tal homem andar nesta terra, tão transcendental a todas as agonias e os êxtases? Ele está muito distante.

Jesus é a culminação de todas as aspirações. Ele está em agonia — como você, como todos os seres humanos nascem —, em agonia na cruz. Ele está no êxtase que às vezes um Krishna alcança: ele celebra; é uma canção, uma dança.

E também é transcendência. Há momentos em que você chega bem perto dele, em que você vê que seu ser interior não é nem a cruz nem a celebração, mas a transcendência.

Esta é a beleza de Cristo: existe uma ponte. Você pode ir em direção a ele pouco a pouco, e ele pode conduzi-lo na direção do desconhecido — e tão lentamente que você nem terá ciência quando cruzar a fronteira, quando entrar no desconhecido vindo do conhecido, quando o mundo desaparecer e Deus aparecer.

Você pode confiar nele, porque ele é tão parecido com você e, contudo, tão diferente. Você pode acreditar nele, porque ele faz parte da sua agonia — você pode compreender sua linguagem.

Eis porque Jesus se tornou um grande marco na história da consciência. Não é por coincidência que o aniversário de Jesus tenha se tornado a mais importante data histórica. Tinha de ser assim. Antes de Cristo, um mundo; depois de Cristo, passa a existir um mundo totalmente diferente — uma demarcação na consciência humana.

Há tantos calendários, tantos meios, mas o calendário que está baseado em Cristo é o mais significativo. Com ele, alguma coisa mudou no homem: com ele, algo penetrou na consciência do homem.

Osho, em "Palavras de Fogo: Reflexões Sobre Jesus de Nazaré"
Imagem por k.landerholm

Além da linguagem

$
0
0
Tudo o que é grandioso está além da linguagem.

Quando existe muito a dizer, é sempre difícil dizê-lo. Somente pequenas coisas podem ser ditas, somente trivialidades podem ser ditas, somente o mundano pode ser dito.

Sempre que você sente algo transbordante, é impossível dizê-lo, porque as palavras são muito estreitas para conter algo essencial.

Palavras são utilitárias, boas para o dia-a-dia, para as atividades mundanas. Elas começam a ficar limitadas quando você se move além da vida comum. No amor não são úteis, na prece se tornam completamente inadequadas.

Tudo o que é grandioso está além da linguagem, e, quando você descobre que nada pode ser expresso, então você chegou, então a vida está repleta de grande beleza, de grande amor, de grande deleite, de grande celebração.

Osho, em "Osho Todos os Dias – 365 Meditações Diárias"
Imagem por (¯`·.¸¸.¤*¨¨*¤.๑۩۩۩๑Zeyneeep!

O seu ser e o ser do todo

$
0
0
No momento em que você não tem mais medo do desconhecido, o desconhecido imediatamente bate à sua porta. Se você tem medo, ele não o perturba.

Deus nunca interfere na vida de ninguém, porque ele ama sua criação. Então ele dá a todos liberdade total, até para ficarem contra ele — até mesmo fechar as portas para ele faz parte da liberdade, até mesmo negá-lo faz parte da liberdade.

Mas é tolice usar a liberdade de maneira negativa. Use-a de maneira positiva, use-a para receber o convidado desconhecido, use-a para criar confiança, amor e bem-aventurança, de modo que Deus possa penetrar em você.

O encontro entre seu ser e o ser do todo é o início da luz, o início da vida eterna, o início da imortalidade. E essa é a busca de todas as pessoas, consciente ou inconscientemente. Todo mundo quer conhecer algo que seja indestrutível, que não possa ser removido.

Todo mundo quer vir para a luz, todo mundo quer ter olhos para ver, quer clareza de visão. Mas as pessoas vivem fazendo coisas que acabam impedindo sua visão, obstruindo o discernimento, aleijando seu próprio ser.

Osho, em "Meditações Para a Noite"
Imagem por ashley.adcox

Nem bom nem ruim

$
0
0
Pergunta a Osho:
Se Deus é bom, por que a morte existe?
Você vê alguém morrendo e imediatamente surge um problema na mente aristotélica: se Deus é bom, por que a morte? Se Deus é bom, por que a pobreza? Se Deus é bom, por que o câncer? Se Deus é bom, então tudo tem de ser bom.

Do contrário, surge a dúvida: não é possível que Deus exista. Ou, se ele existe, então não pode ser bom. Como você pode chamar um deus de "Deus", se ele nem sequer é bom? Então, há séculos, toda a teologia cristã tem se ocupado deste problema; como solucioná-lo?

Mas é impossível - porque com a mente aristotélica é impossível. Você pode evitar a questão, mas não pode resolvê-la completamente, pois ela tem origem na própria estrutura dessa mente.

No Oriente, dizemos que Deus não é nem bom nem ruim, portanto, aconteça o que acontecer, isso é aceito. Não existe nenhum valor moral no conceito de Deus; você não pode dizer que ele é bom ou ruim. Você só faz isso porque tem uma determinada mente. É em referência à sua mente que uma coisa passa a ser boa e outra passa a ser ruim.

Agora olhe... Adolf Hitler nasceu; se a mãe dele o tivesse matado, isso teria sido bom ou ruim? Agora podemos ver que, se a mãe dele o tivesse matado, isso seria muito bom para o mundo. Milhões de pessoas foram mortas; seria melhor matar uma pessoa só.

Mas, se a mãe de Adolf Hitler o tivesse matado, ela teria sofrido uma grande punição. Ela poderia ter recebido uma sentença de morte ou poderia ter sido fuzilada pelo governo, pela justiça ou pela polícia. Ninguém teria dito que o governo estava errado, porque é um pecado matar uma criança. Mas você percebe as implicações?

Seja o que for que você diga que é bom, só é bom do ponto de vista de uma mente tacanha. Seja o que for que você diga que é ruim, isso só é ruim do ponto de vista de uma mente tacanha.

Osho, em "O Livro do Viver e do Morrer"
Imagem por iane machado

Despertando o mundo

$
0
0


Pergunta a Osho:
Nunca pensei que teria a chance de vir aqui. Tome cuidado com minhas perguntas!
Eles disseram que seria seguro dizer-lhe que estou um pouco nervosa! Uma das coisas que tenho lido que você tem dito, e eu tenho ouvido você dizer em vídeos, é que você conta algumas piadas para despertar o mundo. Quando o mundo adormeceu? E está ele despertando?
Ele tem estado sempre adormecido. Somente uns poucos indivíduos em toda a história do homem têmestado despertos. Seus nomes podem ser contados nos dez dedos, não mais que isso. E isto foi natural: o homem evoluiu dos animais.

Os animais estão em um sono profundo, eles não sabem que eles são.Este é o significado de sono - se é, mas não se está consciente de que se é. Nenhum animal está consciente de si mesmo.

E eu concordo com Charles Darwin, em bases diferentes... Suas bases são ordinárias, mundanas; podem ser criticadas, têm sido criticadas. De fato, ele não é mais um cientista aceito quanto à evolução da humanidade. A maioria dos cientistas tem desertado dele. Mas eu estou no seu apoio em uma base totalmente diferente.

Minha base é: olhando para o sono do homem -  esta é a única possibilidade: que ele cresceu a partir dos animais - macacos, chimpanzés. Seja o que for, seja quem for, estava lá no começo. O sono do homem prova isso.

E somente raramente, uma vez ou outra - um Gautama Buda, um Bodidarma, um Sócrates - uma vez ou outra tem existido um homem que tem a coragem de sair do sono. É preciso tremenda coragem para sair do sono, porque nós temos investido muito no sono. É como um homem que está sonhando que está vivendo em um palácio dourado - com um grande reino, com todo o luxo - e você tenta acordá-lo.

Ele é somente um mendigo na rua. Somente mendigos sonham ser imperadores. Imperadores nunca sonham ser imperadores, isso seria simplesmente ilógico. O mendigo tem tanto investimento no seu sono e sonho, que ele irá resistir de todas as maneiras possíveis, para não ser acordado. Ele ficará irritado. Ele se oporá a você. "Quem é você para interferir na minha vida? Não pode você ao menos tolerar um homem que está tendo um lindo sonho?"

E mesmo se forçá-lo a despertar ele irá cair no sono novamente, porque acordado ele é somente um mendigo, adormecido ele torna-se um imperador. O investimento em sono psicológico é tremendo.
É por isso que todas essas pessoas - Gautama Buda, Bodidarma, Chuang Tzu, Plotinus, Heraclitus - todos eles falharam. Eles fizeram o seu melhor. Eles lutaram contra o sono do homem, mas, ainda, o homem está adormecido, e o que quer que ele faça prova que ele está adormecido.

Estas duas Guerras Mundiais provam que ele está adormecido. A vindoura Terceira Guerra Mundial pode ser evitada somente se nós pudermos despertar pessoas suficientes então estas pessoas tornam-se contagiantes e seguem despertando outras pessoas em uma corrente e isso tem que ser feito bem rápido, porque não há muito tempo.

De outra forma, as pessoas adormecidas irão destruir esta terra, esta vida. Os políticos estão adormecidos. Nenhuma pessoa desperta pode tornar-se um político pela simples razão de que ela não pode mentir, ela não pode lhe fazer promessas que ela sabe que nunca poderão ser cumpridas. Nenhuma pessoa desperta será um político, porque ela não tem nenhum desejo para preencher seu ego. Não há mais ego.

O ego existe como um eu substituto no sono. No momento em que você está desperto o ego não tem mais função, é desnecessário. Você está lá, agora você não precisa dele. E o homem que conhece a si mesmo
não tem complexo de inferioridade.

A não ser que você esteja sofrendo de algum complexo de inferioridade, você não se envolverá em qualquer tipo de liderança - política, religiosa, social. Você não tem a base. O complexo de inferioridade é a causa de todos se tornarem ambiciosos, porque se eles não se tornarem alguém no mundo, então, aos seus próprios olhos, eles terão fracassado.

Eles querem provar-se, provar que "nós estamos aqui!", que "nós temos estado aqui!". Eles querem ter gravados seus nomes na História - embora saibam que mesmo os grandes nomes da História pouco a pouco vão deslizando da proeminência; tornam-se notas de rodapé, movem-se para o apêndice e porta afora.

Naturalmente, quantas pessoas podemos seguir carregando? Mas eles querem fazer seus nomes. Isto também prova ser algo animal. Todos os animais no mundo têm um instinto. Os cientistas chamam-no
o imperativo territorial.

O cachorro mijando na árvore está simplesmente fazendo a sua assinatura. Ele está dizendo: "esta árvore me pertence". Ele não permitirá que outro cachorro se aproxime. Outros cachorros sentirão o cheiro da sua urina e saberão que esta árvore não está livre, não está disponível, alguém a possui. Existem animais que seguirão - particularmente o leão - urinando em um vasto território, somente para que todos fiquem avisados.

O homem também funciona da mesma maneira. Todas estas nações são nada mais que pessoas mijando e  fazendo fronteira. "Isto é a América, isto é a União Soviética, isto é a Índia! Você pode cheirar é um país diferente; não entre sem um visto, sem um passaporte".  Caso contrário, não há necessidade de qualquer nação na terra. Qual a necessidade? Podemos viver como uma humanidade?

Osho, em "O Último Testamento"

A dança chamada amor

$
0
0
Eu nunca disse que o amor é destruído pelo casamento. Como pode o casamento destruir o amor? Sim, ele é destruído no casamento, mas é destruído por você, não pelo casamento. Ele é destruído pelos parceiros.

Como pode o casamento destruir o amor? É você que o destrói porque você não sabe o que é o amor. Você finge que sabe, você simplesmente tem esperança de saber; você sonha que sabe, mas você não sabe o que o amor é. Amor tem que ser aprendido; é a maior arte que existe.

Se as pessoas estão dançando e alguém lhe pede, “Venha e dance”, você diz, “Não sei dançar”. Você não salta e começa a dançar e deixa todos pensarem que você é um grande dançarino. Você irá apenas provar que é um bufão. Você não irá provar que é um grande dançarino. A dança precisa ser aprendida – a graça dela, seus movimentos. Você precisa treinar o corpo para isso.

Você não vai e começa a pintar apenas porque a tela, o pincel e as tintas estão lá disponíveis. Você não começa a pintar. Você não diz, “Tudo que é necessário está aqui, então eu posso pintar”. Você pode pintar, mas assim você não será um pintor.

Você encontra uma mulher – a tela está presente. Você imediatamente se torna um amante; você começa a pintar. E ela começa a pintar em você. É claro que ambos demonstram serem tolos – tolos pintados – e cedo ou tarde vocês entendem o que está acontecendo. Contudo, você nunca pensou que o amor fosse uma arte. Você não nasce com a arte; ela não tem nada a ver com seu nascimento. Você precisa aprendê-la. É a arte mais sutil.

Você nasce somente com a capacidade. É claro, você nasce com um corpo; você pode ser um dançarino porque você tem um corpo. Você pode movimentá-lo e pode ser um dançarino, mas dançar precisa ser aprendido. Muito esforço é necessário para aprender a dançar. E dançar não é tão difícil porque só depende de você.

O amor é muito mais difícil. É dançar com outra pessoa. O outro também é necessário para saber o que é dançar. Ajustar-se com alguém mais é uma grande arte. Criar uma harmonia entre duas pessoas... duas pessoas implicam em dois mundos diferentes.

Quando dois mundos se aproximam, uma colisão está fadada a acontecer se você não souber como harmonizar. Amor é harmonia. E felicidade, saúde, harmonia, tudo procede do amor. Aprenda a amar. Não tenha pressa de casar, aprenda a amar. Primeiro se torne um grande amante.

E qual é a exigência? A exigência é que um grande amante está sempre pronto para dar amor e não se sente incomodado se isso irá retornar ou não. Isso retorna sempre; está na própria natureza das coisas. É como se você fosse para as montanhas e você canta uma canção, e os vales respondem. Você viu algum ponto de eco nas montanhas, nos montes? Você grita e os vales gritam, ou você canta e os vales cantam. Cada coração é um vale, se você derramar amor sobre ele, ele irá responder.

A primeira lição do amor é não pedir por amor, apenas dar. Torne-se um doador.

As pessoas estão fazendo exatamente o oposto. Mesmo quando dão, eles dão apenas com a idéia de que o amor deve retornar. É uma barganha. Eles não compartilham, não partilham livremente. Eles partilham com uma condição. Eles vão observando pelo canto do olho se o amor retorna ou não. Pessoas muito pobres... eles não conhecem o funcionamento natural do amor. Você simplesmente derrama, isso virá.

E se não vier, nada com o que se preocupar porque um amante sabe que amar é ser feliz. Se isso acontecer, ótimo; assim a felicidade é multiplicada. Mas mesmo que nunca retorne, no próprio ato de amar você fica tão feliz, tão extático, quem se importa se isso tem retorno ou não?

Amor tem sua própria felicidade intrínseca. Isso acontece quando você ama. Não há nenhuma necessidade de esperar por resultado. Apenas comece a amar. Aos poucos você verá que muito mais amor está voltando para você. A gente só ama e vem a conhecer o que é o amor somente amando. Assim como a gente aprende a nadar somente nadando, amando a gente ama.

As pessoas são muito mesquinhas. Elas estão esperando por algum grande amante aparecer, então elas amarão. Elas permanecem fechadas, recuadas. Elas apenas esperam. De algum lugar uma Cleópatra virá e então eles irão abrir seus corações, mas nessa hora já esqueceram completamente como abri-lo.

Não perca nenhuma oportunidade de amar. Mesmo passeando numa rua, você pode ser amoroso. Mesmo para com o mendigo você pode ser amoroso. Não há necessidade de dar a ele alguma coisa; você pode pelo menos sorrir. Isso não custa nada, mas seu próprio sorriso abre seu coração, torna seu coração mais vivo.

Segure a mão de alguém – de um amigo ou de um estranho. Não espere só amar quando a pessoa certa aparecer. Assim a pessoa certa nunca irá aparecer. Continue amando. Quanto mais você amar, maior é a possibilidade da pessoa certa aparecer, porque seu coração começa a florescer. E um coração florescendo atrai muitas abelhas, muitos amantes.

Você tem sido treinado de uma maneira bem errada. Primeiro, todo mundo vive sob uma impressão errada de que todo mundo já é um amante. Apenas por nascer, você pensa que é um amante. Não é tão fácil assim. Sim, existe uma potencialidade, mas a potencialidade precisa ser treinada, disciplinada. Uma semente existe, mas ela tem que se tornar uma flor.

Você pode continuar carregando sua semente; nenhuma abelha virá. Você já viu alguma vez abelhas vindo para as sementes? Não sabem elas que sementes podem se tornar flores? Mas elas só chegam quando as sementes se tornam flores. Torne-se uma flor, não permaneça uma semente.

Duas pessoas, separadamente infelizes, criam mais infelicidade para cada um quando se juntam. Isso é matemático. Você era infeliz, sua esposa era infeliz e ambos têm esperanças de que ficando juntos serão felizes? Isso é... isso é uma aritmética tão simples, como dois mais dois são quatro. Tão simples assim. Não faz parte de nenhuma matemática complicada; isso é muito simples, você pode contar nos seus dedos. Ambos serão infelizes.

Cortejar é uma coisa. Não dependa do cortejar. De fato, antes de você se casar, livre-se do cortejar. Minha sugestão é que casamento deve acontecer após a lua de mel, nunca antes disso. Só se tudo correr bem, só então o casamento deve acontecer.

A lua de mel depois do casamento é muito perigosa. Tanto quanto eu sei, noventa e nove por cento dos casamentos acabam quando a lua de mel acaba. Mas então você foi apanhado, assim você não tem como fugir. Então toda a sociedade, a lei, o tribunal – se você deixar a esposa todo mundo fica contra você, ou se a esposa lhe deixar todos ficarão contra ela.

Portanto, toda a moralidade, a religião, o padre, todos estão contra você. Na verdade, a sociedade devia criar todas as barreiras possíveis para o casamento e nenhuma barreira para o divórcio. A sociedade não devia permitir que as pessoas casassem tão facilmente. O tribunal deveria criar barreiras – viva com a mulher por pelo menos dois anos, desse modo o tribunal pode lhe permitir casar-se.

Agora mesmo estão fazendo exatamente o contrário. Se você quer se casar, ninguém pergunta se você está preparado ou se é apenas um capricho, só porque você gosta do nariz dela. Que tolice! A pessoa não pode viver só pelo nariz longo. Após dois dias o nariz será esquecido. Quem olha para o próprio nariz da esposa? A esposa nunca parece bonita, o marido nunca parece bonito. Uma vez que se torna familiarizado, a beleza desaparece.

Duas pessoas devem ser permitidas viverem juntos tempo bastante para ficarem familiarizadas, conhecidos um para com o outro. E mesmo que eles queiram se casar, não devia ser permitido. Assim os divórcios desapareceriam do mundo. Os divórcios existem porque os casamentos são errados e forçados. Os divórcios existem porque os casamentos são realizados num clima romântico.

Um clima romântico é bom se você for um poeta... e os poetas não são tidos como bons maridos ou boas esposas. De fato, poetas são quase sempre solteiros. Eles ficam por aí mas nunca são apanhados e desse modo seu romance permanece vivo. Eles vão escrevendo poesias, lindas poesias. A pessoa não devia se casar com um homem ou com uma mulher num clima poético. Deixe que o clima de prosa venha, então estabeleça. Porque a vida do dia a dia é mais como prosa do que como poesia. A pessoa deve ficar bastante amadurecida.

Maturidade significa que a pessoa não é mais um tolo romântico. A pessoa entende a vida, entende a responsabilidade da vida, entende os problemas de viver junto com uma pessoa. A pessoa aceita todas essas dificuldades e assim decide viver com uma pessoa. A pessoa não está esperando que haverá somente paraíso, todas as rosas. A pessoa não está esperando bobagem; ela sabe que a realidade é dura. É áspera. Existem rosas, mas entre elas, existem muitos espinhos.

Quando você se torna alerta para todos esses problemas e ainda assim você decide que vale a pena arriscar e ficar com a pessoa ao invés de ficar só, então se case. Dessa maneira o casamento nunca irá matar o amor, porque esse amor é realístico.

O casamento só pode matar o amor romântico. E o amor romântico é o que as pessoas chamam amor de filhote. A gente não deve depender disso. A gente não deve pensar nisso como nutrição. Pode ser apenas como um sorvete. Você pode comê-lo de vez em quando, mas não dependa disso. A vida tem que ser mais realística, mais em prosa.

O casamento em si nunca destrói coisa alguma. Casamento simplesmente traz à tona o que quer que esteja escondido em você; expõe isso. Se o amor estiver escondido por trás de você, dentro de você, o casamento o expõe. Se o amor era só fingimento, apenas uma isca, então cedo ou tarde tem que desaparecer. E assim surge sua realidade, sua feia personalidade. O casamento é simplesmente uma oportunidade, o que quer que você tenha para mostrar irá aparecer.

Não estou dizendo que o amor é destruído pelo casamento. O amor é destruído pelas pessoas que não sabem amar. O amor é destruído porque em primeiro lugar o amor não é. Você esteve vivendo num sonho. A realidade destrói esse sonho. Do contrário amor é algo eterno, parte da eternidade. Se você crescer, se você conhecer a arte, e você aceita as realidades da vida-amor, então isso vai crescendo a cada dia. O casamento se torna uma tremenda oportunidade de crescer no amor.

Nada pode destruir o amor. Se ele estiver lá, vai crescendo. Mas meu sentir é que, em primeiro lugar o amor não está presente. Você engana a si mesmo; alguma outra coisa estava lá. Talvez o sexo estivesse lá, o apelo sexual estava lá. Assim isso vai ser destruído, porque uma vez que você amou uma mulher, então o apelo sexual desaparece, porque o apelo sexual é apenas com o desconhecido.

Uma vez que você prova do corpo da mulher ou do homem, então o apelo sexual desaparece. Se seu amor era somente apelo sexual assim ele está fadado a desaparecer. Portanto nunca interprete mal o amor por alguma outra coisa. Se o amor for realmente amor...

O que quero dizer quando falo “amor verdadeiro”? Quero dizer que só estando na presença do outro você subitamente se sente feliz, apenas estando juntos você fica extático, apenas a presença do outro preenche algo profundo em seu coração... alguma coisa começa a cantar em seu coração, você entra numa harmonia. Somente a presença do outro lhe ajuda a ficar junto; você se torna mais individual, mais centrado, mais baseado. Isso é amor.

O amor não é uma paixão, não é uma emoção. Amor é um profundo entendimento que alguém de alguma maneira lhe completa. Alguém lhe torna um círculo completo. A presença do outro valoriza sua presença. O amor dá liberdade para ser você mesmo; não é possessivo.

Então, observe. Nunca pense em sexo como amor, senão você ficará decepcionado. Fique alerta e quando você começar a sentir com alguém que só a presença, a pura presença – nada mais, nada mais é necessário; você não pede coisa alguma – só a presença, apenas porque o outro está, é bastante para lhe fazer feliz... alguma coisa começa a florescer dentro de você, mil e um lótus brotam... assim você está apaixonado e então você pode passar através de todas as dificuldades que a realidade cria.

Muitas angústias, muitas ansiedades – você será capaz de superar todas elas, e seu amor estará florescendo cada vez mais, porque todas essas situações se tornarão desafios. E seu amor, superando-os, ficará cada vez mais forte.

Amor é eternidade. Se estiver presente, então ele vai crescendo cada vez mais. O amor conhece o princípio, mas não conhece o fim.

Osho, em "The Discipline of Transcendence"
Fonte: Osho.com
Imagem por nic snell

Meditação é testemunhar

$
0
0
A meditação começa quando você se separa da mente e toma-se uma testemunha. Esse é o único modo de você se separar de qualquer coisa.

Se você olha para a luz, naturalmente, uma coisa é certa: você não é a luz, você é quem está olhando para ela. Se observa as flores, uma coisa é certa: você não é a flor, é o observador.

Observar é a chave da meditação. Observe a sua mente.

Não faça nada - nenhuma repetição de mantra, nem repetição do nome de Deus - apenas observe o que quer que sua mente esteja fazendo. Não a perturbe, não a evite, não a reprima; não faça coisa alguma. Seja apenas um observador.

O milagre de observar é a meditação. Enquanto você observa, pouco a pouco, a mente se toma vazia de pensamentos; mas você não está adormecendo, está se tornando mais alerta, mais consciente.

Quando a mente ficar totalmente vazia, toda a sua energia se tomará uma chama do despertar. Essa chama é o resultado da meditação. Então você pode dizer que meditação é um outro nome para a observação, o testemunhar, o observar - sem qualquer julgamento, sem qualquer avaliação. Pela observação você de imediato livra-se da mente...

Tudo o que Maharishi Mahesh Yogi e outros como ele estão fazendo é bom, mas eles estão chamando de meditação algo que não é. Eles estão induzindo as pessoas ao erro.

Se fossem sinceros e autênticos e dissessem às pessoas que isso lhes daria saúde mental e física, uma existência mais tranquila, seria mais correto. Mas quando começaram a chamar isso de “meditação transcendental” deram a uma coisa muito trivial um significado máximo que ela não tem.

As pessoas se dedicam à meditação transcendental há anos e, no Oriente, há milhares de anos. Mas isso não as fez conhecerem a si mesmas, e não as tomou Budas Gautamas.

Se você quiser entender exatamente o que é a meditação, Gautama Buda é o primeiro homem que lhe deu a definição certa e precisa: é testemunhar.

Osho, em "O Que É Meditação?"
Imagem por thekellyscope

O amor real

$
0
0
No Simpósio, de Platão, Sócrates diz:
Uma pessoa que pratica os mistérios do amor estará em contato não com um reflexo, mas com a própria verdade. Para conhecer essa bênção da natureza humana, não se pode encontrar auxiliar melhor do que o amor.

Durante toda a minha vida, comentei sobre o amor de mil maneiras diferentes, mas a mensagem é a mesma. Apenas algo fundamental precisa ser lembrado: não se trata do amor que você acha que é amor. Nem Sócrates está falando desse amor nem eu estou.

O amor que você conhece nada mais é do que um impulso biológico; ele depende de sua química e de seus hormônios. Ele pode ser alterado muito facilmente... uma pequena mudança em sua química e o amor que você considerava como "a verdade suprema" simplesmente desaparece.

Você tem chamado a sensualidade de "amor". Essa distinção tem de ser lembrada.

Sócrates diz: "Uma pessoa que pratica os mistérios do amor..." A sensualidade não tem mistérios, ela é um simples jogo biológico. Todo animal, todo pássaro, toda árvore o conhece. Certamente o amor que tem mistérios será totalmente diferente do amor com o qual você está familiarizado.
Uma pessoa que pratica os mistérios do amor estará em contato não com um reflexo, mas com a própria verdade.

Esse amor que pode se tornar um contato com a própria verdade emerge somente a partir de sua consciência; não a partir de seu corpo, mas a partir de seu mais íntimo ser.

A sensualidade emerge a partir de seu corpo, o amor emerge a partir de sua consciência. Mas as pessoas não conhecem a própria consciência, e o mal-entendido continua: a sensualidade corporal é tomada como amor.

Muito poucas pessoas no mundo conhecem o amor. Essas pessoas são as que tornam silenciosas, pacíficas... E a partir desse silêncio e dessa paz, elas entraram em contato com o seu ser mais íntimo, com a sua alma.

Uma vez em contato com a sua alma, seu amor se torna não um relacionamento, mas simplesmente uma sombra sua. Não importa onde você ande, com quem você ande, você estará amando.

No momento, o que você chama de amor está endereçado a alguém, confinado a alguém. E o amor não é um fenômeno que possa ser confinado. Você pode tê-lo em suas mãos abertas, mas não em suas mãos fechadas. No momento em que suas mãos se fecham, elas ficam vazias. No momento em que elas se abrem, toda a existência fica a seu alcance.

Sócrates está certo: aquele que conhece o amor também conhece a verdade, pois eles são somente dois nomes para uma só experiência. E, se você não conheceu a verdade, lembre-se também de que não conheceu o amor.
Para conhecer essa bênção da natureza humana, não se pode encontrar auxiliar melhor do que o amor.

Osho, em "Amor, Liberdade e Solitude: Uma Nova Visão Sobre os Relacionamentos"
Imagem por tomooka

Esse corpo mesmo, o Buda: sim, você

$
0
0
Se tudo está Ok [com o seu corpo], você permanece completamente inconsciente disso, e realmente, esse é o momento ideal para o contato ser feito – quando tudo está ok – porque quando algo dá errado, então esse contato é feito com doença, com alguma coisa que deu errado e o bem-estar não está mais presente.

Você tem uma cabeça agora mesmo; então a dor de cabeça chega e você faz contato. Porém, quase perdemos essa capacidade. Tente fazer contato com seu corpo quando tudo está bem.

Deite-se sobre a grama, feche seus olhos e sinta a sensação que está acontecendo no íntimo, o bem estar que está borbulhando dentro. Deite-se no rio. A água está tocando o corpo e cada célula está sendo resfriada.

Sinta por dentro como a frieza penetra, célula a célula, e vai se aprofundando no corpo. O corpo é um grande fenômeno, um dos milagres da natureza.

Sente-se sob o sol. Deixe que os raios do sol penetrem no corpo. Sinta o calor quando ele se move dentro, como ele vai se aprofundando, como ele toca nas células sanguíneas e alcança os próprios ossos.

Sol é vida, sua própria fonte. Assim, com os olhos fechados, apenas sinta o que está acontecendo. Permaneça alerta, observe e desfrute.

Pouco a pouco, você ficará cônscio de uma harmonia muito sutil, uma bela música, acontecendo continuamente por dentro. Assim você tem o contato com o corpo; do contrário, você carrega um corpo morto.

Seu corpo pode ser usado como um mecanismo; então você não precisa ser muito sensível para isso. O corpo continua dizendo muitas coisas que você nunca escuta porque você não tem qualquer contato.

Assim tente ser cada vez mais sensível com o seu corpo. Escute-o, ele continua dizendo muitas coisas, e você está tão orientado pela cabeça que você nunca o escuta.

Toda vez que há um conflito entre sua mente e corpo, seu corpo está quase sempre mais certo do que sua mente, porque o corpo é natural, sua mente é social. O corpo pertence a essa vasta natureza e sua mente pertence a sua sociedade, sua sociedade particular, idade e tempo.

O corpo tem profundas raízes na existência e a mente está somente acenando na superfície. Todavia, você sempre escuta a mente, você nunca escuta o corpo. Devido a esse hábito antigo, o contato está perdido.

O corpo inteiro vibra ao redor do centro do coração assim como todo o sistema solar gira em torno do sol. Você se tornou vivo quando o coração começou a bater, você irá morrer quando o coração parar de bater.

O coração permanece o centro solar de seu corpo. Fique alerta quanto a isso. Mas você só pode ficar alerta, pouco a pouco, somente se você ficar alerta do corpo todo.

Osho, em "Vedanta: Seven Steps to Samadhi"
Fonte: Osho.com
Imagem por ethermoon

Decida dar mais atenção ao interior

$
0
0
De agora em diante, decida dar cada vez mais atenção ao interior, dar cada vez mais tempo e espaço ao interior. É só uma questão de se lembrar.

Lentamente, lentamente, sua consciência faz uma reviravolta.

E, quando você começa a encarar a si próprio, encara o maior dos fenômenos, o mais belo, a mais linda experiência de sua vida, porque você vê a vida em sua intrínseca graça e esplendor.

Osho, em "Meditações Para a Noite"
Imagem por °°° Hudson °°°
Viewing all 830 articles
Browse latest View live